– Assim como no oeste de Santa Catarina, os preços do milho reagiram também no oeste do Paraná devido ao tempo seco e às altas temperaturas no Estado. A colheita de milho verão avança lentamente na região porque vários produtores preferiram colher soja primeiro e a falta de umidade no solo dificulta a semeadura da segunda safra. Se produtores paranaenses já estavam segurando os grãos antes da estiagem – restam 33% da safrinha 2012/13 do Estado ainda por comercializar -, agora vendem volumes menores pela possibilidade de redução da oferta e valorização maior. Em Mato Grosso do Sul, as vendas para retirada no segundo semestre ganharam fôlego, com produtores buscando travar custos após a alta dos preços provocada por preocupações com replantio, uma vez que as chuvas seguem irregulares na região.

No Paraná, os preços reagiram no oeste e sudoeste ao longo da semana passada. A colheita ainda não engrenou no sul do Estado, o que deve ocorrer apenas no mês que vem, por isso a oferta de primeira safra ainda é pequena, o que permite a vendedores maior poder de barganha. Em Cascavel, compradores propunham R$ 23/saca para retirada em Cascavel na sexta-feira, contra R$ 22,50/saca na semana anterior, mas sem registro de negócios. “Agora é que produtores estão vendendo menos do que nunca”, contou um operador de Curitiba.

Com o clima seco que prejudica as lavouras de primeira safra e o plantio da safra de inverno, vendedores apostam que os preços podem se recuperar ainda mais. Em outros pontos do Estado, as cotações seguem estáveis. Na região de Campos Gerais, a indicação de compra alcançava R$ 24/saca na sexta-feira, mesmo valor em que rodaram volumes inferiores a mil toneladas na quarta-feira.

Para entrega no segundo semestre, estão surgindo mais indicações de compra, mas há poucos relatos de negócios. Corretores apontam ritmo de venda antecipada mais lento do que em anos anteriores no Estado, com vendedores aguardando preços mais altos e multinacionais focando em milho norte-americano. No Porto de Paranaguá, a proposta de compra para entrega em agosto e pagamento em setembro estava em R$ 27,50/saca na sexta-feira.

A percepção de participantes é de que a negociação pode acelerar entre março e abril, com vendedores escoando milho verão para ter espaço para a soja ou travando custos da safrinha com a comercialização da colheita futura. Por enquanto, as vendas no Estado se concentram na oleaginosa, que, apesar do período de colheita, segue com preços remuneradores. Os fretes mais altos devido à forte movimentação de soja também desestimulam negociações de milho no curto prazo. O custo do transporte de Cascavel ao Porto de Paranaguá pulou de R$ 85/t a R$ 90/t para R$ 115/t a R$ 120/t na semana passada.

Regionais do Deral de Maringá e Pato Branco relataram na sexta-feira que o clima adverso dificulta o plantio do milho segunda safra. Em Ponta Grossa, técnicos apontaram que a estiagem preocupa pela possibilidade de perdas e já se prevê o adiantamento da colheita em 10 dias em áreas ao norte da região. Em União da Vitória, o Deral salientou que algumas localidades estão há 12 dias sem precipitações, o que está causando morte precoce das plantas de soja e milho, principalmente em reboleiras de solo mais seco.

Em Mato Grosso do Sul, os negócios para pronta entrega são pontuais, mas a negociação de safrinha ficou mais aquecida. Na semana passada, foram comercializadas entre 30 mil e 40 mil toneladas para exportação, com retirada entre julho e agosto e pagamento em setembro, a R$ 19/saca em Maracaju e Sidrolândia, R$ 18,50/saca em São Gabriel do Oeste e Chapadão do Sul e R$ 17,50/saca em Sonora.

A falta de chuvas no Estado mantém os preços da safrinha acima do nível mínimo estipulado pelo governo. Para o corretor Leon Davalo, da Granos, a tendência é as cotações seguirem sustentadas nas próximas semanas. “Nossa safrinha pode ter problemas: se não chover, provavelmente haverá necessidade de replantio”, afirmou. Ele estimou que 15% da área prevista para o cereal na segunda safra tenha sido semeada, mas falta umidade para germinação.

No spot, vendedores pediam R$ 20/saca na sexta-feira em Dourados, mas compradores pagavam até R$ 19/saca. Em São Gabriel do Oeste e Chapadão do Sul, o milho disponível era ofertado a R$ 19/saca, mais que os R$ 18/saca propostos por compradores. Para Maracaju e Sidrolândia, a indicação era R$ 20/saca na venda e R$ 19/saca na compra.

Em Mato Grosso, a comercialização enfraqueceu tanto no disponível como no futuro. No spot, corretores relatavam quase não ter ofertas após as vendas feitas em janeiro para liberar espaço para a soja. Com os estoques de milho quase no final, vendedores negociam a soja que está sendo colhida agora e segue com preços atrativos. Indústrias de ração e granjas sinalizavam R$ 16/saca por milho disponível, para retirada em Sapezal, mas nem o avanço das cotações ante os R$ 15/saca em que rodavam volumes maiores há três semanas atraía os produtores. Participantes do mercado estimam que quem ainda tem milho deve voltar ao mercado para sondar pedidas quando a colheita de soja terminar. Mesmo assim, a sensação é de incerteza se os preços se manterão no atual patamar, com rumores de que o governo promoverá leilões de venda de estoques reguladores. Além disso, o clima tem favorecido a semeadura da segunda safra em Sapezal, com períodos de chuva e sol intercalados. Agentes da região relataram não ter recebido muitas propostas para entrega no segundo semestre por ora.

O indicador Cepea/Esalq/BM&F fechou na sexta-feira a R$ 28,31/saca, em queda de 0,74%.

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO MILHO MERCADO INTERNO

  MILHO – R$ / saca

   

  07/02/2014

  06/02/2014

  Variação

  31/01/2014

  Variação

  08/01/2014

  Variação

  Passo Fundo

25.32

24.81

 2.06

25.10

 0.88

25.73

 -1.59

  Chapecó

26.30

26.11

 0.73

25.44

 3.38

26.85

 -2.05

  Paraná/Sudoeste

23.65

23.89

 -1.00

23.53

 0.51

23.33

 1.37

  Cascavel

22.83

22.49

 1.51

22.17

 2.98

22.00

 3.77

  Ponta Grossa

23.26

23.25

 0.04

23.02

 1.04

23.71

 -1.90

  Paraná/Norte

22.99

23.01

 -0.09

22.57

 1.86

24.28

 -5.31

  Sorocabana

25.54

25.30

 0.95

23.65

 7.99

23.84

 7.13

  Campinas

28.31

28.52

 -0.74

26.65

 6.23

27.16

 4.23

  Mogiana

25.44

25.33

 0.43

24.36

 4.43

24.89

 2.21

  Triângulo Mineiro

23.78

23.69

 0.38

23.75

 0.13

24.13

 -1.45

  Rio Verde

21.90

21.90

 0.00

21.84

 0.27

21.26

 3.01

  Sorriso

15.17

15.00

 1.13

14.20

 6.83

13.56

 11.87

  Posto Recife

35.24

35.14

 0.28

35.24

 0.00

33.68

 4.63

Cepea/Agência Estado

Estiagem continua – De acordo com a Climatempo, um bloqueio atmosférico impede o avanço das frentes frias e mantém as áreas de instabilidade apenas em parte do Rio Grande do Sul. E mesmo no Estado não devem ocorrer acumulados significativos de chuva até o dia 12 de fevereiro, exceto nas regiões de fronteira no sul e oeste, que devem ter volumes entre 40 e 80 mm. Em Santa Catarina, as precipitações ocorreriam apenas de forma localizada: até o dia 12 de fevereiro a expectativa era de que o acumulado não ultrapassasse 30 mm. No Paraná, a previsão também era de chuvas irregulares na próxima quinzena, com maior acumulado no leste do Estado, entre 20 e 40 mm. Mas a partir do dia 13 de fevereiro o bloqueio começaria a ser quebrado no Sul, com previsão de pancadas pelo menos no RS e em SC. Em São Paulo e Minas Gerais, a chuva continuaria irregular pelo menos até 17 de fevereiro.

A Climatempo projetou ainda que em Mato Grosso do Sul e Goiás uma massa de ar seco e quente predomina e deixa o céu com poucas nuvens. Em Mato Grosso, o forte ar quente e úmido favoreceria a formação de áreas de instabilidade. No noroeste do Estado, os volumes podem chegar a 100 mm. Na Bahia, a previsão era de poucas chuvas ao longo dos próximos dias, exceto no litoral, onde o acumulado poderia chegar a 70mm.

Na Bolsa de Chicago, os futuros têm suporte na possibilidade de o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduzir hoje sua estimativa para os estoques do cereal no país. De acordo com a média das previsões de analistas ouvidos pelo Wall Street Journal, o USDA deve projetar estoques de 40,79 milhões de toneladas de milho no encerramento do atual ano comercial, em 31 de agosto. Em seu relatório de janeiro, o USDA previu estoques finais de 41,43 milhões de toneladas nos Estados Unidos. O vencimento março teve ganho de 1,25 cent (0,28%) e terminou a US$ 4,4425 por bushel na sexta-feira.

  Milho – Bolsa de Chicago (CBOT)

  Cotação em dólar por bushel e variação em centavos de dólar

  Contrato

 Máxima

 Mínima

 Anterior

 Atual

Variação

  Mar/14

4,4475

4,4125

4,4300

4,4425

1,25

  Mai/14

4,5000

4,4625

4,4850

4,5000

1,50

  Jul/14

4,5550

4,5200

4,5350

4,5550

2,00

  Set/14

4,5600

4,5600

4,5525

4,5700

1,75

 

Cepea/Agência Estado

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