MILHO: CBOT, CÂMBIO E CLIMA SEGURAM PREÇOS MESMO COM COLHEITA
São Paulo, 04/02/2014 – A valorização dos futuros de milho na Bolsa de Chicago e também na BM&FBovespa, o dólar acima de R$ 2,40 e o clima seco em áreas produtoras brasileiras contribuíram para impedir que os preços do cereal continuassem caindo, pressionados pelo início da colheita no Sul. A demanda neste momento está aquecida no Sudeste, que colhe mais tarde, e está absorvendo lotes do Centro-Oeste. Na região, o clima seco é uma preocupação. Corretores de Minas Gerais e Paraná diziam ontem que se não chover nos próximos dias a situação das lavouras pode se agravar, reduzindo a produtividade.
Em Mato Grosso, os preços se mantinham estáveis na segunda-feira, depois de um reajuste no fim da semana passada. Compradores sinalizavam ontem R$ 18/saca no sul de Mato Grosso, mesmo patamar em que rodaram 58 mil sacas entre quinta e sexta-feira passada para retirada em Itiquira e Jaciara, mas R$ 1/saca acima do indicado por comprador no início da semana passada. “O preço subiu, daí o milho aparece”, apontou o corretor Alex Hildenbrandt, se referindo aos estoques reduzidos no Estado, que permitem vendas de oportunidade ao produtor que ainda tem grãos da safrinha. As cotações, segundo ele, devem se manter estáveis por ora, em virtude da incerteza sobre o clima no Sul. Os principais compradores são comerciantes buscando milho para enviar ao Sudeste. As chuvas em Mato Grosso, apesar de estarem atrapalhando a colheita de soja, ainda não preocupam quanto ao plantio de milho em segunda safra. Contudo, se as chuvas persistirem até o dia 15 de fevereiro, a janela de semeadura pode ficar mais apertada.
Em Minas Gerais, rodaram 600 toneladas a R$ 23/saca FOB na segunda-feira na região do Triângulo Mineiro. Na semana passada, chegaram a ser negociadas 3 mil toneladas no mesmo nível de preço. Indústrias da região ainda absorvem volumes da produção local de verão 2012/13 e da safrinha de Mato Grosso, porque a primeira safra 2013/14 deve começar a ser colhida só a partir do fim de março. Milho mato-grossense chega na região, com frete e imposto, a R$ 24/saca e R$ 25/saca CIF, preços ainda competitivos. Contudo, a perspectiva é de que o volume adquirido de Mato Grosso diminua, porque está mais complicado conseguir caminhão devido à colheita de soja no Centro-Oeste.
Compradores evitam fazer grandes estoques, aguardando um possível recuo nos preços provocado pela oferta ainda confortável na região, pela proximidade da colheita mineira e pela entrada no mercado da produção de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mas corretores não esperam desvalorizações acima de R$ 3/saca na região. “A colheita está chegando e, com ela, vem oferta, mas Minas Gerais teve plantio menor”, argumentou Danilo Ribeiro, da ABS Corretora, de Uberlândia. Além disso, a região tem recebido baixos volumes de chuva. Se não chover nos próximos 15 dias, os rendimentos podem ser prejudicados.
No Paraná, boa parte dos compradores sinalizava R$ 21,50/saca para retirada imediata em Cascavel e pagamento em 15 dias, menos que os R$ 22,50/saca desejados por vendedores. A maioria dos produtores no oeste está colhendo soja antes do milho. Com poucos lotes da produção de verão disponíveis, compradores com necessidades mais urgentes precisam desembolsar valores pedidos por vendedores. Na segunda-feira, lotes somando cerca de 1 mil toneladas saíram a R$ 22,50/saca. O mercado segue sem referências nos portos com os embarques de soja concentrando as atenções de tradings. Corretores da região apostam em preços firmes até a chegada da segunda safra devido à redução da área de verão. A percepção de participantes do mercado é de que a falta de chuvas ainda não compromete o potencial produtivo das lavouras na região e que os danos causados pelo tempo seco podem ser revertidos. “Mas se não chover de agora em diante, vamos ter problemas”, alertou corretor de Cascavel.
Regionais do Departamento de Economia Rural (Deral) já assinalam, em relatório diário, temor quanto à falta de chuvas. Em Apucarana, a maior parte das lavouras de milho está na fase de frutificação, entrando na etapa de maturação. “Há uma preocupação caso o tempo seco e as altas temperaturas continuem por muitos dias, pois poderemos ter uma diminuição na produtividade”, projetaram os técnicos.
Em Mato Grosso do Sul, a proposta de compra era de R$ 18,50/saca para retirada imediata em Campo Grande, Dourados, Maracaju ou Sidrolândia. Na sexta-feira, 20 mil sacas foram vendidas a R$ 18,50/saca em Dourados. Também era possível fechar contratos FOB entre R$ 17/saca e R$ 17,50/saca em Chapadão do Sul e a R$ 18/saca em São Gabriel do Oeste. Estima-se que restem entre 1,3 milhão e 1,5 milhão de toneladas de milho disponíveis no Estado. “Tem o suficiente para passar confortavelmente o semestre”, afirmou o corretor Jorge Rosa Filho, da Granos, de Campo Grande.
Para retirada entre 15 de julho e 15 de agosto, a proposta de compra era de R$ 18/saca a R$ 18,50/saca (FOB) em Maracaju, Sidrolândia ou São Gabriel do Oeste. Os últimos lotes da segunda safra de milho foram comercializados há cerca de três semanas nesses patamares. Vendedores esperam o avanço da colheita de soja e o plantio do milho para voltar a negociar.
O indicador Cepea/Esalq/BM&F fechou a segunda-feira a R$ 26,91/saca, em alta de 0,98%.
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
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Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do milho subiram ontem, com suporte na demanda. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que o país vendeu ao exterior 1,84 milhão de toneladas na semana encerrada em 23 de janeiro. O volume ficou bem acima das expectativas de analistas. O vencimento março subiu 1,75 cent (0,40%) e fechou a US$ 4,3575 por bushel, o maior nível desde 25 de outubro do ano passado.
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Cepea/Agência Estado