A continuidade da trajetória de alta dos preços do milho voltou a travar as negociações no mercado brasileiro. A valorização, que ocorre em um momento de elevação dos fretes, por causa da movimentação de soja, e de estoques reduzidos no Centro-Oeste, maior região produtora do Brasil, leva compradores a desembolsar os valores pedidos por vendedores apenas esporadicamente, em caso de necessidades mais urgentes. A previsão é de que as chuvas voltem a se intensificar hoje em alguns pontos, mas não se sabe ao certo quanto será possível plantar em segunda safra, por isso produtores abandonaram as negociações para entrega no segundo semestre.

De acordo com a Climatempo, volta a chover mais forte no Sul a partir desta quinta-feira. No Sudeste, também são esperadas precipitações, mas sem volumes expressivos. Em Mato Grosso e Goiás, a chuva pode cair com forte intensidade e acumular entre 50 e 100 mm, com picos de até 150 mm. Em Mato Grosso do Sul, as precipitações devem se concentrar no norte do Estado e acumular até 70 mm. No Nordeste, áreas de instabilidade provocam muita chuva entre o Ceará e o Maranhão.

A incerteza sobre o clima e a baixa disponibilidade de milho mantêm os preços sustentados no Paraná. Na quarta-feira, a indicação de compra ficava entre R$ 24,50/saca a R$ 25/saca para retirada em Ponta Grossa. Nesses patamares, havia registro de negócios só na segunda-feira, relataram corretores, mas de volumes superiores a mil toneladas. Na região, há poucos produtores colhendo. Com isso, o número de ofertas é pequeno. Choveu nos últimos dias, mas não de forma uniforme. Contudo, a maior preocupação dos produtores com relação aos efeitos da estiagem é com a soja.

Em Mato Grosso, os negócios ocorrem ocasionalmente. Na terça-feira, rodaram mil toneladas a R$ 20/saca base Rondonópolis para comerciante. Outras 2,4 mil toneladas foram negociadas para confinadores locais a R$ 20,50/saca no mesmo dia. Ontem, não havia registro de acordos. Corretores apostam em valorização ainda maior dos preços mais adiante. “Tem muita demanda para pouco estoque”, destacou Gilmar Meneghetti, da Diversa. Alguns vendedores pediam R$ 21/saca a R$ 22/saca base Rondonópolis para negociar volumes maiores. Perto da divisa com Mato Grosso do Sul, os preços se aproximam de R$ 23/saca e R$ 24/saca.

A negociação da safrinha travou. Comprador propunha R$ 17/saca em Rondonópolis para retirada no segundo semestre. Entretanto, produtores têm evitado vender, porque a chuva vem atrapalhando a semeadura, o custo de insumos está elevado e há expectativa de redução de área plantada. Por causa desses fatores, eles projetam que as cotações podem chegar a R$ 18/saca a R$ 19/saca. Só restam mais 10 dias para o fim da janela de plantio, mas participantes assinalaram que, se a semeadura ocorrer entre 20 e 28 de fevereiro, o risco de as lavouras enfrentarem clima desfavorável mais para frente é maior. No Porto de Santos, a proposta para entrega em setembro e pagamento em outubro era de R$ 29,50/saca. Para entrega em agosto e pagamento em setembro, era possível fechar negócio a R$ 28,50/saca no Porto de Paranaguá. Tampouco havia registro de acordos recentemente.

No Maranhão, os negócios estavam lentos nas últimas semanas. Os preços tiveram leve alta, o que levou a um afastamento do consumidor. “As fábricas de ração saíram do mercado”, contou Claudeir Pires, corretor da Soja Pires, de Balsas. Para retirada na região de Balsas, compradores propunham R$ 26/saca. Há duas semanas, as indicações estavam entre R$ 24/saca e R$ 25/saca. Os preços, conforme Pires, subiram devido aos rumores de quebra de safra em outras regiões do País e à diminuição da oferta durante o período de entressafra na região, onde a produção do cereal se concentra na safrinha. O corretor projeta que, nos próximos 90 dias, as cotações podem subir para R$ 28/saca a R$ 29/saca por causa da escassez de produto.

O milho que se produz no Maranhão é destinado principalmente a indústrias de Ceará e Pernambuco, destacou Pires, e tem como principais concorrentes Bahia e Goiás. Mas, além dos rumores de quebra de safra em ambos, o aumento do frete impede que o milho dos dois Estados concorra em preço com o maranhense. O custo do transporte do Maranhão para o restante do Nordeste estava em R$ 7/saca, o que faz com que o cereal chegue em Ceará e Pernambuco em cerca de R$ 33/saca. Enquanto isso, milho goiano e baiano chega aos dois Estados em torno de R$ 35/saca.

Na quarta-feira, o indicador Cepea/Esalq/BM&F fechou a R$ 37,76/saca, em alta de 2,58%. Em dólar, o índice ficou em US$ 13,28/saca (+2,63%).

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO

  MILHO – R$ / saca

   

  19/02/2014

  18/02/2014

  17/02/2014

  14/02/2014

  13/02/2014

  12/02/2014

  Passo Fundo

24.90

24.89

24.82

24.98

24.77

24.69

  Chapecó

27.12

26.57

26.66

26.61

26.05

26.18

  Paraná/Sudoeste

24.48

24.34

24.53

24.44

24.63

24.31

  Cascavel

24.45

24.26

23.73

23.69

23.49

23.43

  Ponta Grossa

25.19

25.05

24.17

24.00

24.19

24.15

  Paraná/Norte

25.42

25.21

24.23

24.72

24.37

24.07

  Sorocabana

28.97

28.51

27.24

27.38

27.22

26.76

  Campinas

31.76

30.96

30.13

30.11

29.70

29.51

  Mogiana

28.69

28.20

27.79

27.18

27.04

26.92

  Triângulo Mineiro

26.86

26.63

26.15

25.33

25.13

24.76

  Rio Verde

23.70

23.60

23.37

23.12

22.18

22.18

  Sorriso

14.50

14.18

14.23

14.42

14.86

14.56

  Posto Recife

36.27

35.89

35.89

35.89

35.14

35.42

Na Bolsa de Chicago, os futuros do milho fecharam em alta, com a demanda externa firme pelo produto norte-americano. De acordo com dados divulgados ontem pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) foram inspecionadas 827.610 toneladas de milho para exportação na semana encerrada em 13 de fevereiro, ante 695.181 toneladas na semana anterior. O vencimento maio subiu 4,75 cents (1,04%) e fechou a US$ 4,6025 por bushel.

  Milho – Bolsa de Chicago (CBOT)

  Cotação em dólar por bushel e variação em centavos de dólar

  Contrato

 Máxima

 Mínima

 Anterior

 Atual

Variação

  Mar/14

4,5525

4,4875

4,4950

4,5375

4,25

  Mai/14

4,6100

4,5550

4,5550

4,6025

4,75

  Jul/14

4,6550

4,6000

4,6000

4,6475

4,75

  Set/14

4,6450

4,6450

4,6075

4,6525

4,50

 

Cepea/Agência Estado

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