Os preços do milho no mercado brasileiro tiveram leve recuo após maior movimentação de volumes entre a semana passada e esta. Compradores estavam se abastecendo de olho no tempo seco e nas altas temperaturas em regiões produtoras, mas aproveitaram a previsão de chuva no Sul a partir de hoje para frear as aquisições. Ainda não se sabe se as precipitações serão suficientes para recuperar as lavouras, por isso alguns vendedores comercializam apenas o suficiente para assegurar que não faltará espaço para a soja.

De acordo com a Climatempo, uma frente fria avança a partir de quinta-feira no Sul do país, espalhando nuvens no Rio Grande do Sul, sul e oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná. As demais áreas da região devem receber precipitações só a partir da tarde. Além da previsão de chuva mais generalizada, a temperatura também tende a cair a partir de sexta-feira e há risco de temporais. No Centro-Oeste, é esperada chuva a qualquer hora do dia em Mato Grosso, no sul de Goiás e no centro-norte de Mato Grosso do Sul. No Nordeste, Maranhão, norte do Piauí e do Ceará devem ter precipitações também. Para a região Sudeste, a previsão é só de chuvas rápidas por ora.

No Paraná, os negócios perderam força. Compradores indicavam R$ 22,50/saca para pronta entrega em Ponta Grossa, valor em que saíram menos de 1 mil toneladas na terça-feira, mas cinquenta centavos abaixo do oferecido na segunda-feira. O mercado ainda tem poucas ofertas e a comercialização avança lentamente. Com a persistência da estiagem até ontem e a incerteza sobre seus efeitos na safra de verão, vendedores negociavam volumes pequenos de olho na possibilidade de nova valorização. Mas compradores estão bem abastecidos por ora e atentos às chuvas que podem atingir a região amanhã.

Em comunicado, o Departamento de Economia Rural (Deral), destacou que as condições das lavouras de primeira safra pioraram e levantou a possibilidade de perdas. Para a safrinha, a situação também preocupa, pois além de prejudicar as áreas já plantadas, “há uma desaceleração do ritmo dos trabalhos de campo, fazendo com que os agricultores percam o momento mais adequado do plantio”. Conforme o departamento, a situação pode se estabilizar caso ocorram chuvas significativas com a entrada da frente fria no Estado nesta quinta-feira, mas inevitavelmente haverá redução do potencial produtivo estimado. A nova expectativa da safra de grãos 2013/14 será divulgada no fim de fevereiro e deve refletir a situação climática atual e até um possível agravamento caso persista o quadro de falta de chuva e calor, assinalou o Deral. Levantamento semanal do órgão apontou que a proporção de lavouras de primeira safra paranaenses em boas condições caiu de 89% para 77% até 10 de fevereiro. Para as plantações de segunda safra, o porcentual passou de 98% para 72%. Segundo o Deral, 11% da produção de verão já foram colhidos.

No Rio Grande do Sul, compradores propunham na Serra Gaúcha R$ 27,50/saca a R$ 28/saca CIF. Para retirada na região de Cruz Alta e Passo Fundo, as pedidas chegavam a R$ 24,50/saca. Nos dois casos, havia relatos de acordos acima de mil toneladas esta semana. No Porto de Rio Grande, era possível fechar acordos a R$ 30,50/saca no spot. Com o avanço da colheita e das negociações, os preços recuaram em torno de 50 centavos ante a semana passada.

A pressão da colheita e a previsão de chuva a partir de hoje contribuem para compensar o efeito de episódios de clima desfavorável sobre as cotações. O clima, segundo participantes do mercado, segue sendo uma incógnita, porque o porcentual de milho colhido ainda está entre 30% e 40% da safra. Houve quem plantasse em setembro, mas alguns produtores estavam semeando ainda no Natal e no início do ano. Porém, a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) já prevê produção 8,5% abaixo da obtida em 2012/13 no Estado, de 4,92 milhões de toneladas, com a expectativa de redução de 3,2% na área e 5,5% no rendimento.

A logística também atrapalha a negociação na região. “Tem produtores querendo escoar milho de Tenente Portela e não conseguem encontrar preços viáveis de frete”, contou o operador Adelson Gasparin, da Agroinvvesti, de Passo Fundo. Isso porque a maior movimentação rumo ao Porto de Rio Grande tem encarecido também o transporte dentro do Estado. No fim de 2013, era possível levar cargas de Passo Fundo a Rio Grande a R$ 50/t. Agora, o mesmo trajeto custava cerca de R$ 70/t.

Em Mato Grosso, as negociações no spot e para entrega no segundo semestre perderam fôlego esta semana. Em Primavera do Leste, o milho tinha comprador entre R$ 16/saca a R$ 16,50/saca para retirada ou entrega a partir de junho e pagamento em 30 dias. Ao longo da semana passada, saíram até 250 mil toneladas a R$ 16/saca para trocas por insumos. Esta semana, vendedores prefeririam aguardar oportunidades melhores, de olho nos baixos níveis de umidade em outras áreas produtoras. As propostas de exportação para retirada na região no segundo semestre ficavam em torno de R$ 15/saca, por isso vendedores têm dado preferência à comercialização para indústrias de Mato Grosso.

No spot, compradores ofereciam R$ 17,50/saca em Primavera do Leste. Alguns produtores preferem primeiro colher soja e aguardar para comercializar o que resta de milho, outros até aceitam negociar, mas pedem preços mais altos, acima de R$ 18,50/saca, também à espera de que os preços se recuperem daqui para frente.

O indicador Cepea/Esalq/BM&F fechou na quarta-feira a R$ 29,51/saca, em alta de 2%. Em dólar, o índice ficou em US$ 12,18 (+1,16%).

 
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
MILHO – R$ / saca
12/02/2014 11/02/2014 10/02/2014 07/02/2014 06/02/2014 05/02/2014
Passo Fundo 24.69 24.74 24.91 25.32 24.81 25.18
Chapecó 26.18 26.15 25.98 26.30 26.11 26.14
Paraná/Sudoeste 24.31 24.17 23.45 23.65 23.89 23.54
Cascavel 23.43 22.85 23.01 22.83 22.49 22.19
Ponta Grossa 24.15 23.86 23.56 23.26 23.25 23.05
Paraná/Norte 24.07 23.31 23.08 22.99 23.01 23.00
Sorocabana 26.76 25.98 25.52 25.54 25.30 24.86
Campinas 29.51 28.93 28.37 28.31 28.52 28.06
Mogiana 26.92 26.23 25.43 25.44 25.33 25.04
Triângulo Mineiro 24.76 24.19 24.00 23.78 23.69 23.67
Rio Verde 22.18 21.88 21.82 21.90 21.90 21.90
Sorriso 14.56 15.33 15.20 15.17 15.00 14.42
Posto Recife 35.42 35.14 35.17 35.24 35.14 35.42

 

 

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho fecharam com perdas. Participantes do mercado temem que a recente alta das cotações enfraqueça a demanda de compradores estrangeiros por produto norte-americano. O vencimento março recuou 1,50 cent (0,34%) e terminou cotado a US$ 4,40 por bushel.
Milho – Bolsa de Chicago (CBOT)
Cotação em dólar por bushel e variação em centavos de dólar
Contrato Máxima Mínima Anterior Atual Variação
Mar/14 4,4500 4,3925 4,4150 4,4000 -1,50
Mai/14 4,4775 4,4525 4,4725 4,4600 -1,25
Jul/14 4,5275 4,5050 4,5250 4,5150 -1,00
Set/14 4,5375 4,5375 4,5375 4,5375 0,00

CBOT/Agência Estado

 

CONHEÇA OS PRODUTOS QUE TEMOS PARA VOCÊ