Uma das maneiras de aumentar a rentabilidade da atividade pecuária é aproveitar as oscilações do mercado.
Porém, para que isto ocorra é necessário que o produtor tenha condições estruturais, de planejamento e alimentares em seu sistema para que não ocorram perdas na produção.
Historicamente, a cotação do boi gordo tem dois picos de alta durante o ano no Rio Grande do Sul, subindo de novembro a fevereiro, e de maio a julho, veja a figura.
Nos últimos anos tem ocorrido uma redução da margem do invernador, o que pode ser observado no comportamento do ágio boi gordo/boi magro, que caiu na média dos últimos dez anos de 12,9%, para 5,4% nos últimos três anos.
No caso da reposição, grande parte dos produtores vai ás compras nos meses de outono, quando o mercado está aquecido e valorizado, e vende o animal gordo quando o preço está no segundo período de pressão do ano, coincidindo com a dessecação das pastagens para o plantio da soja.
Este cenário faz com que o pecuarista tenha que ser cada vez mais eficiente na produção de quilos no sistema, já que valores de transferências e ganhos comerciais são inexpressivos, quando há. O lucro fica a cargo da produtividade.
O vazio forrageiro de outono ocorre em função da baixa taxa de crescimento das pastagens nativas após as primeiras geadas e a falta de suporte de carga das pastagens de inverno. Isto culmina na valorização do boi gordo, pois grande parte dos animais já foi ofertada até abril.
A valorização média de julho, frente a abril, é de 9,1%, considerando de 2004 a 2013, segundo dados da Scot Consultoria.
Mas a maioria dos produtores poderá contar com as pastagens somente de julho em diante.
Para conseguir aproveitar esta oportunidade de mercado, o produtor terá de antecipar o pastejo usando ferramentas como o plantio em linha de variedades de azevéns de arranque rápido, capazes de entregar boa quantidade e qualidade de alimento durante o período de outono.
Áreas plantadas em meados de março, com adubação na linha e todas as outras recomendações técnicas, dão pastejo no início de maio, ou seja, de 45 a 60 dias após o plantio.
Se a fazenda possuir um planejamento alimentar bem adequado, com os lotes de engorda sendo manejados durante o verão em pastagens nativas com cargas ajustadas ou em sorgo forrageiro, com ganhos ao redor de 0,7 ou 0,8 kg/dia, poderá terminar os animais até o final de junho.
Isto possibilitará aproveitar o provável pico de preço do inverno, e a comercialização dos animais antes da queda que ocorre devido ao movimento de manada em outubro/novembro, em razão da liberação de áreas para soja.
Sabemos que há dificuldades de fazer todas as pastagens até meados de março, contudo, neste momento, é que a gestão do sistema de produção se torna indispensável.
Deve-se dimensionar a demanda nutricional dos lotes durante o verão, para conseguir plantar parte das áreas, garantindo uma parcela da venda dos animais antecipada.
Também propicia a realização das compras de reposição compassadas, que além de colaborar para a diminuição na sazonalidade de oferta de animais gordos, junto acarretará em uma margem melhor no ágio boi gordo/boi magro.
Há ferramentas, precisamos saber utilizá-las.