Até 1º de dezembro, a produção das usinas da região Centro-Sul do País confirmou a expectativa de uma expansão recorde na oferta de etanol para o mercado doméstico durante a safra 2013/2014. Essa oferta ampliada foi o suficiente para cobrir todo o aumento na demanda brasileira por combustíveis para veículos leves, mas dificilmente se repetirá para atender plenamente a novos aumentos de demanda no futuro.

Para a presidente da UNICA, Elizabeth Farina, o aumento da produção registrado na atual safra, em um período de falta de rentabilidade para os produtores, lado a lado com uma melhora no desempenho do setor em termos de volume e produtividade, parece um contrassenso mas é reflexo do enorme esforço que tem sido realizado para reduzir a capacidade ociosa nas usinas instaladas. “A busca pela redução de custos e pela otimização das unidades em operação foi responsável por esse crescimento significativo da produção,” concluiu.

Dados apurados até o início do mês revelam um crescimento de moagem na atual safra próximo dos 60 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume direcionado quase exclusivamente à expansão na produção de etanol. Do início da safra até 01 de dezembro, a produção de etanol cresceu 18,97% enquanto a de açúcar aumentou apenas 0,66%.

Os números confirmam a projeção divulgada pela UNICA no início de outubro, que apontava para um incremento de 3,68 bilhões de litros na produção de etanol nesta safra, com o total atingindo 25,04 bilhões de litros contra 21,36 bilhões de litros na safra 2012/2013. Além da produção ampliada, a oferta de etanol para o mercado doméstico também será beneficiada pela redução das exportações, que devem ficar em 2,61 bilhões de litros este ano, cerca de 850 milhões de litros abaixo dos 3,46 bilhões de litros exportados pelo Centro-sul na safra anterior.

Somando-se o aumento na produção e a queda nas exportações, a ampliação da oferta total de etanol para o mercado interno deve ficar em 4,53 bilhões de litros na atual safra. Trata-se de um crescimento recorde, sendo superior inclusive aos registrados nas safras 2007/2008 (4,45 bilhões de litros) e 2008/2009 (3,62 bilhões de litros), período em que mais de 50 novas unidades começaram a operar – 25 em 2007/2008 e 30 na safra 2008/2009.

Segundo Farina, diversos fatores explicam o crescimento na produção de etanol: “O aumento de demanda proporcionado pela volta da mistura de 25% de etanol anidro na gasolina, a condição superavitária do mercado mundial de açúcar e o potencial de demanda por etanol hidratado em função da enorme frota de veículos flex no País, principalmente nos estados que dão um tratamento diferenciado ao hidratado na aplicação do ICMS” explicou.

O diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, destaca que o crescimento recorde da oferta de etanol trouxe enormes benefícios para o mercado brasileiro de combustíveis leves: “Além de atender toda a demanda adicional por combustíveis leves, o restabelecimento da mistura de etanol anidro em 25% a partir de maio deste ano reduziu a demanda por gasolina pura e permitiu que a Petrobrás elevasse sua capacidade de refino em cerca de 10%, reduzindo de forma significativa a necessidade de importação de gasolina.”

Rodrigues conclui que se a produção de etanol não tivesse aumentado este ano, a importação de gasolina teria crescido em mais de 70%. “Certamente teríamos maior complexidade para manter a logística de distribuição de combustíveis, além de perdas para a balança comercial e maior ônus para a Petrobras,” acrescentou. Ele acrescentou que na safra 2012/2013, a importação de gasolina atingiu 4,2 bilhões de litros, gerando um déficit de US$ 3,24 bilhões na balança comercial do País.

Preços apurados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA, vinculado à Universidade de São Paulo, mostram que a receita obtida pelas usinas de São Paulo com a venda de etanol e açúcar até novembro deste ano está 9,21% inferior à observada no mesmo período da safra passada. No período, foram R$ 98,40 por tonelada de cana processada este ano, contra R$ 108,38 por tonelada na safra 2012/2013. Comparada com a safra 2011/2012, quando o valor por tonelada de cana processada chegou a R$ 116,46, a receita média este ano até novembro apresenta retração de 15,51%.

A queda gradativa na receita observada nas últimas três safras, somada à despesa financeira das empresas do setor, tem produzido uma situação bastante preocupante. No último ano, na média, as unidades produtoras comprometeram cerca de 15% de seu faturamento com o serviço da dívida – um desembolso de R$ 17 por tonelada de cana processada.

Elizabeth Farina destaca que ao longo do ano, medidas governamentais contribuíram para amenizar um cenário que, no início da safra, era ainda mais negativo para os produtores. “As desonerações do PIS/COFINS e do IPI sobre o açúcar no mercado doméstico e do PIS/COFINS sobre o etanol, as políticas de financiamentos de estoques e do Prorenova para renovação de canaviais, trouxeram contribuições pontuais e positivas. Agora, é preciso avançar com medidas de longo prazo que permitam às empresas planejar o futuro e retomar os investimentos em ampliação da produção,” afirmou.

Farina frisa que o crescimento da produção registrado na atual safra é algo que não deverá se repetir nos próximos anos. “No contexto atual, não há rentabilidade que justifique a construção de novas unidades. Mesmo que decisões de construir novas usinas fossem tomadas imediatamente, seriam necessários pelo menos três anos para o início de operação do projeto e outros três para que ele operasse a plena capacidade,” disse o diretor da UNICA.

Fonte: Unica

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