Depois de tropeçarem em rumores sobre um calote de tradings chinesas, os futuros da soja começaram a semana firmes na Bolsa de Chicago (CBOT) e têm tudo para novamente testar o nível de US$ 15 por bushel no curto prazo. Isso porque os estoques norte-americanos seguirão apertados até o segundo semestre do ano, quando a safra 2014/15 chegará ao mercado.
“É preciso trabalhar com preços maiores para tirar a soja da mão do produtor”, explica João Paulo Schaffer, da Agrinvest. Ele explica que uma possível confirmação dos cancelamentos da China pouco influenciará as cotações na CBOT porque os EUA já entregaram boa parte do volume contratado para exportação no ano comercial 2013/14.

Levantamento divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostrou que os embarques da oleaginosa entre 1º de setembro de 2013 e 10 de abril de 2014 somaram 40,94 milhões de toneladas, um volume 22% maior que as 33,53 milhões de toneladas exportadas no mesmo período de 2012/13. Só na semana encerrada em 10 de abril, foram embarcadas 267.939 toneladas de soja, 47,4% menos que as 509.627 toneladas verificadas na semana anterior, mas 48,2% acima das 180.871 toneladas vistas em igual intervalo do ano passado, conforme o USDA.

Se os preços em Chicago são resistentes ao descumprimento de contratos por importadores chineses, o mesmo não pode ser dito em relação aos prêmios nos portos brasileiros, alerta Bruno Perottoni, da Terra Investimentos. “O impacto maior seria sentido aqui no Brasil. Esses cancelamentos devem atrapalhar a negociação e pressionar os prêmios”, comenta o analista. Ele observa, entretanto, que algumas tradings asiáticas com dificuldade para obter crédito estão revendendo as cargas a outros destinos, incluindo os EUA. “A margem de esmagamento nos EUA segue positiva porque o custo é baixo e a cadeia é mais eficiente”, justifica.

Hoje, a Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas do país (Nopa, na sigla em inglês) divulga o volume esmagado pelas indústrias norte-americanas em março. Analistas consultados pela agência de notícias Dow Jones preveem, em média, que 144,6 milhões de bushels (3,93 milhões de toneladas) tenham sido processadas no mês passado. O volume estimado supera em 2,11% os 141,6 milhões de bushels (3,85 milhões de toneladas) do mês de fevereiro e, se confirmado, será o primeiro aumento em três meses. Para os estoques de óleo de soja, a expectativa é de 1,923 bilhão de libras-peso (872.258 t), 1,5% acima dos 1,893 bilhão de libras-peso armazenados em fevereiro.

Além dos indícios de demanda, Perottoni adverte que as condições climáticas nos EUA devem dividir as atenções dos participantes do mercado nas próximas semanas. Segundo boletim meteorológico da Somar, uma frente fria deve avançar no decorrer da semana sobre áreas produtoras de soja e milho no sul do país, trazendo chuvas e temperaturas mais baixas, o que pode dificultar os trabalhos no campo. “Mas ainda é cedo para especular sobre esse atraso”, diz o analista da Terra Investimentos.

No pregão de segunda-feira, o contrato maio da oleaginosa subiu 13,25 cents (0,91%) e terminou cotado a US$ 14,7625 por bushel. Na avaliação de Schaffer, da Agrinvest, o vencimento encontra suporte em US$ 14,60 por bushel e resistência em US$ 15 por bushel. Para o julho, que agora é o mais líquido, encerrou a US$ 14,6350 por bushel, em valorização de 16,25 cents (1,12%), Perottoni projeta o intervalo de US$ 14,40 por bushel a US$ 14,90 por bushel.

COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO

   

  GRÃO

   

  FARELO

   

  ÓLEO

   

  US$/bushel

  cents

   

  US$/ton

  US$

   

  (cents/libra)

  pontos

  mai/14

14,7625

13,25

 mai/14

479,10

6,20

 mai/14

42,26

16

  jul/14

14,6350

16,25

 jul/14

468,60

5,50

 jul/14

42,46

20

  ago/14

13,9225

13,25

 ago/14

442,40

4,80

 ago/14

42,29

21

  set/14

12,7700

9,25

 set/14

414,60

3,30

 set/14

42,08

21

CBOT/Agência Estado

No mercado doméstico, a melhora de Chicago trouxe alguns players de volta às negociações, mas os volumes são pontuais por causa do câmbio desfavorável. Em Mato Grosso do Sul, comprador sinalizava na segunda-feira R$ 61/saca para Dourados, mas vendedor pedia R$ 62/saca a R$ 63/saca. “Tivemos muito barulho e poucos negócios”, disse Jorge Rosa Filho, corretor da Granos, de Campo Grande.

De acordo com ele, também era possível fechar contrato a R$ 60/saca em Maracaju, R$ 59/saca em São Gabriel do Oeste, R$ 59,50/saca em Campo Grande e R$ 60/saca em Chapadão do Sul. O último acordo foi assinado na sexta-feira passada (11), quando 2 mil sacas foram comercializadas a R$ 59/saca em Maracaju para comerciante da região. “A verdade é que o produtor não quer vender, ele espera que o câmbio melhore”, afirmou Rosa Filho.

Ele estima que 70% da safra sul-mato-grossense já tenha sido negociada. Para 2014/15, o corretor citou como referência de compra R$ 48/saca no norte do Estado e R$ 49/saca a R$ 49,50/saca no sul para entrega em março e pagamento em 72 horas. Segundo ele, já saíram negócios a R$ 50/saca há um mês e meio e o vendedor atualmente pede R$ 55/saca.

Em Rio Verde, no sudoeste de Goiás, a indicação era R$ 60/saca no mercado disponível e R$ 58/saca no balcão, contou Sávio Bergmann, da Bergmann Cereais. Ontem, ele contou ter fechado contrato de 12 mil sacas a R$ 60/saca para retirada em fazenda no município. Mas a maioria dos produtores pede R$ 64/saca na região, conforme o corretor. Ele não tinha referências para safra 2014/15. Em Nova Mutum, no Médio-Norte de Mato Grosso, compradores propunham R$ 55,50/saca, menos que os R$ 57/saca desejados pelo agricultor. Segundo Rafael Cerci, da Perfil Agrícola, só saem negócios pontuais a R$ 55,50/saca, quando há necessidade de caixa por parte do produtor.

Em Cascavel, no oeste do Paraná, era possível firmar acordo entre R$ 65/saca e R$ 65,50/saca, mas só havia interesse de venda na faixa de R$ 67/saca a R$ 67,50/saca. Na semana passada, volumes pontuais foram comercializados a R$ 66/saca posto em fábrica do município, relatou um agente do mercado. No Porto de Paranaguá, a indicação, apenas nominal, era de R$ 69/saca.

O índice de preços calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), que reflete cinco praças paranaenses, caiu 0,11% e fechou a R$ 66,32/saca na segunda-feira. Em dólar, o indicador ficou estável em US$ 29,91/saca. A moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 2,2170 (-0,14%).

EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES

  SOJA EM GRÃO – (R$ por saca de 60 kg) – no atacado

   

  14/04

  11/04

  DIA

  SEMANA

  MÊS

  12 MESES

  Paranaguá

69,38

69,55

-0,24%

-3,64%

-3,96%

+17,24%

  Barreiras

59,67

58,73

+1,60%

+1,81%

-0,13%

+24,31%

  Ponta Grossa

66,55

66,33

+0,33%

-0,76%

-3,86%

+20,45%

  Passo Fundo

64,91

65,20

-0,44%

-1,13%

-6,16%

+16,26%

  Rio Verde

62,06

62,00

+0,10%

-1,38%

+2,16%

+28,41%

  Rondonópolis

58,03

57,85

+0,31%

-2,27%

-1,19%

+22,17%

  Triângulo Mineiro

62,56

62,33

+0,37%

-0,43%

-0,86%

+31,21%

  Oeste do Paraná

65,28

65,19

+0,14%

-0,14%

-2,38%

+21,00%

  Norte do Paraná

65,31

65,17

+0,21%

-1,05%

-2,61%

+20,03%

  Mogiana

65,25

65,13

+0,18%

-0,26%

-1,26%

+25,48%

  Ijuí

64,91

64,73

+0,28%

-0,25%

-5,83%

+17,08%

  Sorriso

53,25

52,53

+1,37%

+1,16%

-0,34%

+26,24%

  Sorocabana

65,00

65,21

-0,32%

-0,61%

-2,84%

n/d

  ESALQ – R$/saca

66,32

66,39

-0,11%

-1,78%

-3,52%

+19,56%

  DÓLAR

2,2170

2,2200

-0,14%

-0,00%

-5,70%

+12,54%

  FARELO PELLETS – R$/TONELADA

  Campinas

1033,71

1031,91

+0,17%

-2,03%

-3,53%

+39,36%

  Chapecó

1190,57

1165,34

+2,17%

+0,76%

-3,23%

+52,86%

  Maringá

1128,48

1120,78

+0,69%

-0,47%

-4,73%

+51,74%

  Oeste PR

1142,96

1100,29

+3,88%

+2,83%

+1,39%

+54,68%

  Ponta Grossa

1132,51

1132,60

-0,01%

-0,22%

-0,66%

+47,41%

  Triângulo MG

1038,15

1032,30

+0,57%

-2,27%

-3,33%

+41,73%

  ÓLEO DE SOJA- SP R$/TONELADA

  ICMS 12%

2158,08

2161,31

-0,15%

-4,36%

-9,59%

-2,35%

  ICMS 7%

2131,40

2120,28

+0,52%

-5,10%

-7,03%

-0,95%

Cepea/Agência Estado

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