– Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) avançaram quase 5% nas últimas sete sessões, antecipando um corte na estimativa de estoque final que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgará às 15h (horário de Brasília). A expectativa média de analistas ouvidos pela agência de notícias Dow Jones é de que a projeção da oferta remanescente da safra 2013/14 será ajustada de 150 milhões de bushels (4,08 mi/t) para 143 milhões de bushels (3,89 mi/t) por causa da procura ainda forte por produto norte-americano.

“O mercado já processa há tempos que o USDA deverá aumentar as projeções de exportações devido à grande demanda mundial, comprovada pelas vendas semanais que se repetem semana após semana”, diz Andrea Cordeiro, da corretora paranaense Labhoro. De acordo com ela, os EUA já teriam vendido o equivalente a 106% do volume estimado pelo USDA em janeiro para embarque ao exterior. “E ninguém até o momento pode afirmar o quanto a China cancelará”, lembra.

Na avaliação de Giovani Damiano, consultor da FCStone, os preços da soja podem ganhar fôlego para buscar US$ 13,70 por bushel no curto prazo, se a projeção de estoque final do USDA vier em linha ou mais baixa do que se espera. Caso contrário, a commodity ficará suscetível a realizações de lucros e provavelmente retornará para área de US$ 12,70 a US$ 13 por bushel, pondera Damiano. Mas Andrea alerta que USDA pode revisar os dados da safra anterior para não reduzir demasiadamente a oferta ao término do ciclo 2013/14.

Na sexta-feira (07), o contrato março da oleaginosa subiu 5,75 cents (0,43%) e terminou cotado a US$ 13,3150 por bushel, acumulando valorização de 4,9% desde 29 de janeiro. Relatório da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities do país (CFTC, em inglês) mostrou que os fundos elevaram em 8% o saldo comprado em soja no período entre 28 de janeiro e 4 de fevereiro, de 152.950 contratos para 165.359 contratos.

Segundo a analista da Labhoro, as altas recentes refletiram um possível corte no estoque dos EUA e preocupações sobre o clima na América do Sul. Uma forte onda de calor e chuvas irregulares estão reduzindo o rendimento das lavouras em algumas partes do Brasil, mas há previsão de retorno das precipitações e normalização das temperaturas a partir de 15 de fevereiro, comenta Andrea. Para Argentina, ela aponta um clima bastante úmido entre 7 e 15 de fevereiro, principalmente no norte do país. “As áreas produtoras poderão receber entre 2,5 e 100 milímetros de chuvas, com os menores volumes concentrados na província de Buenos Aires”, afirma a analista.

Além do levantamento mensal de oferta e demanda, o USDA divulga hoje dados sobre as inspeções dos embarques de grãos na semana encerrada em 6 de fevereiro. No relatório anterior, o governo norte-americano apontou que 45,435 milhões de bushels (1,23 milhão de toneladas) foram exportados na semana até 30 de janeiro, 38,6% menos que os 73,974 milhões de bushels (2,013 milhões de toneladas) registrados na semana anterior porque o excesso de neve está prejudicando a movimentação dos grãos.

COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO

   

  GRÃO

   

  FARELO

   

  ÓLEO

   

  US$/bushel

  cents

   

  US$/ton

  US$

   

  (cents/libra)

  pontos

  mar/14

13,3150

5,75

 mar/14

446,40

0,40

 mar/14

38,56

-10

  mai/14

13,1750

5,75

 mai/14

429,90

3,00

 mai/14

38,88

-8

  jul/14

12,9800

5,25

 jul/14

417,70

2,70

 jul/14

39,18

-8

  ago/14

12,5100

5,00

 ago/14

399,90

2,20

 ago/14

39,22

-14

CBOT/Agência Estado

No mercado doméstico, o rali dos preços em Chicago e um dólar firme viabilizam negócios em algumas praças. Em Mato Grosso do Sul, cerca de 7 mil toneladas de soja disponível saíram na sexta-feira (07) a R$ 59/saca para indústrias de Dourados, com pagamento em 72 horas. “Está todo mundo está focado no spot”, afirmou Leon Davalo, corretor da Granos.

Para retirada em março, ele citou como referência R$ 57/saca, mas observou que não há ofertas neste patamar. De acordo com ele, problemas climáticos deixam os produtores reticentes em comercializar lotes para entrega futura. “Já se fala em uma perda de 20% (na produção) se não chover nos próximos dias. Tem áreas colhendo 30 sacas por hectare”, contou.

No oeste do Paraná, volumes maiores foram vendidos na última semana. Compradores sinalizavam até R$ 63/saca FOB na sexta-feira. Um dia antes, cerca de 5 mil toneladas rodaram entre R$ 62,50/saca e R$ 63/saca na região. No norte do Estado, a indicação era R$ 65/saca, valor em que foram negociadas 10 mil toneladas na quinta-feira passada. No Porto de Paranaguá, era possível fechar contrato a R$ 69,50/saca CIF para embarque imediato. Já no porto de São Francisco do Sul, havia comprador a R$ 67,50/saca CIF para entrega a partir de 1º de abril, R$ 2/saca a mais que o spot em Paranaguá.

Operador de Curitiba disse que as condições da soja preocupam mais do que as do milho no Estado porque 50% a 60% das plantações estavam em fase de floração e enchimento dos grãos. Segundo ele, espera-se uma quebra de 5% a 10% na safra 2013/14 e, se não chover nos próximos 15 a 20 dias, a perda pode chegar a 15%. Por enquanto, essa situação não influencia os preços internos, que têm sido puxados pelo câmbio ainda favorável e pela melhoria dos prêmios no porto, destacou a fonte. O custo de transporte também já preocupa o agricultor, que tem preferido acordos em que a retirada fica por conta do comprador. No trecho de Cascavel a Paranaguá, o frete subiu de R$ 85/t a R$ 90/t para R$ 115/t a R$ 120/t em uma semana, conforme o operador de Curitiba.

O índice de preços calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), que reflete cinco praças paranaenses, subiu 0,25% e fechou a R$ 64,51/saca na sexta-feira. Em dólar, o índice ficou em US$ 27,12/saca (+0,44%). A moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 2,3790 (-0,17%).

EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES

  SOJA EM GRÃO – (R$ por saca de 60 kg) – no atacado

   

  07/02

  06/02

  DIA

  SEMANA

  MÊS

  12 MESES

  Paranaguá

66,20

66,20

+0,00%

-2,93%

-14,30%

+2,52%

  Barreiras

60,38

59,50

+1,48%

+0,63%

-3,65%

+9,13%

  Ponta Grossa

64,74

65,31

-0,87%

+0,06%

-4,09%

+5,46%

  Passo Fundo

66,92

66,85

+0,10%

+1,12%

+0,24%

+9,04%

  Rio Verde

57,94

57,42

+0,91%

+0,85%

-8,51%

+0,63%

  Rondonópolis

56,87

56,57

+0,53%

+0,65%

-1,44%

+9,89%

  Triângulo Mineiro

60,40

60,00

+0,67%

+1,17%

-12,46%

+2,51%

  Oeste do Paraná

64,00

62,66

+2,14%

+3,74%

-5,62%

+8,64%

  Norte do Paraná

64,04

63,47

+0,90%

+2,46%

-7,72%

+7,09%

  Mogiana

62,00

63,07

-1,70%

-2,52%

-5,49%

+1,01%

  Ijuí

66,67

66,90

-0,34%

+1,02%

-0,28%

+9,55%

  Sorriso

50,67

51,39

-1,40%

+0,94%

-1,80%

+6,92%

  Sorocabana

64,23

64,23

+0,00%

+1,20%

-4,32%

n/d

  ESALQ – R$/saca

64,51

64,35

+0,25%

+0,56%

-8,25%

+5,60%

  DÓLAR

2,3790

2,3830

-0,17%

-1,61%

+0,17%

+20,64%

  FARELO PELLETS – R$/TONELADA

  Campinas

1080,79

1068,70

+1,13%

-0,11%

-4,89%

+15,57%

  Chapecó

1212,24

1212,24

+0,00%

+4,16%

-4,36%

+18,87%

  Maringá

1152,69

1156,00

-0,29%

+0,17%

-5,32%

+22,06%

  Oeste PR

1121,73

1131,07

-0,83%

-2,10%

-8,49%

+23,75%

  Ponta Grossa

1165,11

1165,11

+0,00%

+0,66%

+0,52%

+19,32%

  Triângulo MG

1070,66

1067,88

+0,26%

-2,59%

-9,73%

+10,80%

  ÓLEO DE SOJA- SP R$/TONELADA

  ICMS 12%

2119,52

2119,52

+0,00%

+0,57%

-6,54%

-20,24%

  ICMS 7%

2095,93

2080,00

+0,77%

-0,43%

-6,95%

-20,20%

Cepea/Agência Estado

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