A notícia de que a China cancelou 272 mil toneladas de soja norte-americana pesou sobre os futuros da soja ontem na Bolsa de Chicago (CBOT). Mas analistas ponderam que o volume não é suficiente para aliviar o aperto dos estoques nos Estados Unidos e o mercado pode continuar firme, especialmente se o relatório semanal de exportações, que será divulgado às 11h30 (horário de Brasília) pelo Departamento de Agricultura do país (USDA), apontar vendas maiores que o esperado.

“Esses números vão ser muito importantes porque todo mundo quer saber se houve mais cancelamentos. Se vierem negativos, vão abrir uma brecha para o mercado seguir rumo a US$ 13,10 por bushel”, diz Pedro Dejneka, fundador e analista da PH Derivativos, referindo-se ao contrato março. Caso os dados de exportação superem as expectativas, ele avalia que o vencimento podem ganhar fôlego para romper a resistência em US$ 13,40 por bushel.

No levantamento anterior, o USDA informou que 796.500 toneladas de soja em grão foram vendidas ao exterior na semana encerrada em 30 de janeiro, sendo 577 mil toneladas da safra 2013/14 e 219.500 toneladas da 2014/15. O volume ficou dentro das expectativas de analistas ouvidos pela agência de notícias Dow Jones, de 650 mil a 1,05 milhão de toneladas.

Segundo Dejneka, a sustentação das cotações da oleaginosa entre US$ 13,10 e US$ 13,40 por bushel é temporária. Ele observa que os fatores de suporte que mantêm o mercado preso neste intervalo, tais como preocupações de que a China não cancele tantos carregamentos norte-americanos quanto se previa e dificuldades logísticas para movimentação de grãos em meio ao inverno rigoroso nos EUA, em algum momento devem se dissipar. O analista da PH Derivativos alerta, ainda, para a previsão de chuvas no Brasil, o que deve aliviar o estresse hídrico de algumas áreas produtoras e adicionar pressão sobre os preços em Chicago.

Na sessão de quarta-feira, o contrato março recuou 11,75 cents (0,88%) e terminou cotado a US$ 13,24 por bushel, após o USDA comunicar o cancelamento de 272 mil toneladas contratadas pela China para entrega no ano comercial 2013/14, que começou em 1º de setembro.

No mercado doméstico, o desenvolvimento das lavouras em algumas regiões produtoras preocupa e desencoraja o produtor a negociar grandes volumes. No Rio Grande do Sul, o ritmo de comercialização diminuiu da semana passada para cá por causa do estresse hídrico, disse Adelson Gasparini, operador da corretora Agroinvvesti, de Passo Fundo.

No Porto de Rio Grande, os compradores sinalizavam R$ 72,50/saca para embarque em abril e pagamento em maio na terça-feira, mas não havia interesse por parte de vendedores da região. Na quarta-feira, os preços haviam recuado para R$ 71,30/saca no terminal. No norte do Estado, a indicação de compra CIF para entrega em abril e pagamento em maio estava entre R$ 66/saca e R$ 67/saca, sem registro de volumes significativos nesta semana. No spot, era possível fechar contrato a R$ 68/saca em Passo Fundo, mas o fato de a colheita ainda não ter começado e os fretes terem subido afastava produtores da negociação. De Passo Fundo ao Porto de Rio Grande, o custo de transporte pulou de R$ 50/saca no fim do ano para R$ 70/saca agora.

Em Mato Grosso, agricultores colhem e vendem volumes pequenos com o objetivo de cobrir despesas. Ontem, a soja disponível tinha comprador a R$ 56/saca (FOB ou CIF) em Primavera do Leste, no sul do Estado. Na terça-feira, saíram lotes inferiores a 1 mil toneladas nesse patamar. Corretora local revelou que as tradings têm tido dificuldade para originar produto na região porque os produtores estão focados nas entregas de contratos firmados anteriormente.

Para prazos mais longos, tradings faziam propostas, sem encontrar vendedores interessados. “Já tem gente falando em deixar para vender o que não sair agora só no segundo semestre”, disse a fonte. Isso porque outras áreas produtoras do País já trabalham com a possibilidade de quebras devido à falta de chuvas e às altas temperaturas, o que pode reduzir a produtividade média da safra 2013/14. Para retirada em maio e pagamento em 72 horas, a proposta de compra era R$ 57/saca em Primavera do Leste. A corretora de Mato Grosso salientou que não tem recebido indicações de preço para os portos, uma vez que os primeiros lotes colhidos estão sendo absorvidos principalmente por indústrias locais.

O índice de preços calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), que reflete cinco praças paranaenses, subiu 0,29% e fechou a R$ 65,71/saca na quarta-feira. Em dólar, o índice ficou em US$ 27,12/saca (-0,55%). A moeda norte-americana fechou ontem cotada a R$ 2,4230 (+0,83%), no maior patamar do dia.

COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO

   

  GRÃO

   

  FARELO

   

  ÓLEO

   

  US$/bushel

  cents

   

  US$/ton

  US$

   

  (cents/libra)

  pontos

  mar/14

13,2300

-11,75

 mar/14

443,50

-5,70

 mar/14

38,99

14

  mai/14

13,0975

-10,75

 mai/14

425,50

-5,70

 mai/14

39,30

16

  jul/14

12,9225

-9,50

 jul/14

413,50

-5,10

 jul/14

39,60

13

  ago/14

12,4600

-8,00

 ago/14

395,80

-4,60

 ago/14

39,65

11

CBOT/Agência Estado

EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES

  SOJA EM GRÃO – (R$ por saca de 60 kg) – no atacado

   

  12/02

  11/02

  DIA

  SEMANA

  MÊS

  12 MESES

  Paranaguá

66,20

66,20

+0,00%

-2,47%

-9,74%

+2,52%

  Barreiras

60,17

60,00

+0,28%

+0,00%

-3,73%

+8,61%

  Ponta Grossa

66,80

65,99

+1,23%

+2,27%

-2,28%

+8,94%

  Passo Fundo

67,47

67,37

+0,15%

+1,15%

+1,44%

+10,92%

  Rio Verde

59,71

59,00

+1,20%

+3,84%

-5,42%

+4,52%

  Rondonópolis

58,16

57,05

+1,95%

+2,99%

+1,15%

+14,71%

  Triângulo Mineiro

60,25

60,90

-1,07%

+0,18%

-7,02%

+2,33%

  Oeste do Paraná

64,77

64,43

+0,53%

+4,22%

-3,11%

+10,10%

  Norte do Paraná

65,13

65,35

-0,34%

+3,61%

-2,81%

+9,74%

  Mogiana

64,58

64,50

+0,12%

+2,51%

-2,89%

+4,72%

  Ijuí

67,50

67,10

+0,60%

+1,17%

+0,84%

+11,57%

  Sorriso

51,59

51,61

-0,04%

+1,64%

-3,57%

+9,95%

  Sorocabana

64,66

64,17

+0,76%

+0,72%

-3,25%

n/d

  ESALQ – R$/saca

65,71

65,52

+0,29%

+2,15%

-4,27%

+7,86%

  DÓLAR

2,4230

2,4030

+0,83%

+0,96%

+2,45%

+22,87%

  FARELO PELLETS – R$/TONELADA

  Campinas

1098,92

1107,70

-0,79%

+3,35%

-5,34%

+17,86%

  Chapecó

1216,82

1213,58

+0,27%

+0,40%

-4,69%

+20,25%

  Maringá

1169,17

1169,17

+0,00%

+1,44%

-4,67%

+23,70%

  Oeste PR

1105,11

1104,42

+0,06%

-1,25%

-8,27%

+21,27%

  Ponta Grossa

1165,03

1165,03

+0,00%

-0,00%

+1,30%

+21,43%

  Triângulo MG

1059,76

1033,86

+2,51%

-5,11%

-9,14%

+9,51%

  ÓLEO DE SOJA- SP R$/TONELADA

  ICMS 12%

2166,60

2136,25

+1,42%

+4,09%

-1,34%

-18,14%

  ICMS 7%

2125,58

2137,51

-0,56%

+2,35%

-1,56%

-19,62%

Cepea/Agência Estado

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