Os contratos futuros da soja dão continuidade aos fortes ganhos registrados na sessão anterior e operam com expressiva alta na manhã desta sexta-feira na Bolsa de Chicago. As posições mais importantes nesse momento subiam de 18 a 21 pontos e o vencimento maio/14, referência para asafra brasileira, era cotado a US$ 14,59 por bushel.
O intenso avanço do mercado reflete o ajustado quadro de oferta e demanda dos Estados Unidos, onde já há uma severa escassez de produto e, ao mesmo tempo, uma demanda extremamente forte, mantendo contínuo seu ritmo de compras.
Altas registradas no mercado do farelo de soja contribuem para os ganhos registrados entre os contratos do grão. A falta do subproduto também já é uma realidade, mas a procura segue bastante firme.
Paralelamente, e completando o quadro de fundamentos positivos, a safra da América do Sul segue sobre ameças climáticas e analistas e especialistas já afirmam que a produção não só do Brasil, como também Argentina e Paraguai, serão menores do que inicialmente estimadas.
Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:
Com intensa demanda pela soja dos EUA, mercado fecha com forte alta em Chicago
Os números da demanda sobre a soja dos Estados Unidos surpreenderam o mercado e os contratos futuros da oleaginosa fecharam o dia com mais de 17 pontos de alta nos vencimentos mais próximos na Bolsa de Chicago. A posição maio/14 é referência para a safra brasileira e a mais negociada nesse momento e fechou o dia valendo US$ 14,38 por bushel.
Nesta quinta-feira (6), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu novo relatório de exportações semanais e o volume de soja referente à safra 2013/14 ficou acima das expectativas do mercado.
Enquanto as projeções variavam de 450 mil a 750 mil toneladas, o departamento reportou as vendas da semana que terminou no último dia 27 em 772,7 mil toneladas. Com esse volume, o total de soja comprometida para o atual ano comercial ultrapassa as 44 milhões de toneladas, contra a projeção do órgão de 41,1 milhões de toneladas.
Apesar de algumas notícias de movimentos de washouts (trocas de origens), segundo explicou Stefan Tomkiw, analista de mercado da Jefferies Corretora, de Nova York, a semana ainda foi positiva para as exportações norte-americanas e as compras dos principais importadores mundiais ainda são contínuas.
O analista explica ainda que a demanda global ainda muito focada no mercado norte-americano reflete o baixo fluxo comercial no Brasil. Apesar de as vendas externas de fevereiro terem registrado um aumento de 193,8% em volume e somado 2,789 milhões de toneladas, ficando acima do índice registrado no ano passado, esse ainda é um número considerado baixo pelo mercado.
Os produtores brasileiros têm se mantido mais reticentes na hora de efetivarem suas vendas frente às incertezas sobre o quadro mundial de oferta e demanda, principalmente em função das condições adversas de clima pelo qual passa a produção brasileira.
Muitas estimativas de consultorias públicas e privadas já têm sido revisadas para baixo e o número que, em alguns casos, superava as 90 milhões de toneladas no início do ano comercial, agora estão sendo reduzidos a 87 ou 88 milhões de toneladas, com alguns analistas mais pessimistas falando até mesmo em 84 milhões de toneladas, ainda segundo o representante da Jefferies.
Dessa forma, o mercado brasileiro também tem se mostrado bastante firme e mantém sua tendência positiva, uma vez que a pressão de oferta tem sido menor do que o registrado em anos anteriores. No Porto de Rio Grande, nesta quinta-feira, a soja fechou o dia valendo R$ 75,00/saca e, no de Paranaguá, R$ 72,50.
Em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, a valorização da soja é de 0,83% e o valor bate nos R$ 60,50/saca; em Ubiratã, no Paraná, alta de 0,78% com a saca de soja valendo R$ 65,00. Em Ijuí/RS, ganho de 1,57%, valendo R$ 64,50 por saca e, em São Paulo, na região de Avaré, a cotação da oleaginosa chegou a R$ 65,50, subindo 1,55%.
Para que as vendas pudessem voltar a acontecer no Brasil, portanto, ainda de acordo com Tomkiw, os produtores teriam que ver oportunidades de comercialização ainda melhores e, portanto, para que a demanda pudesse se voltar para o produto brasileiro, a oferta teria que aparecer de forma mais expressiva para estimular ambas as pontas do mercado.
No entanto, até que isso não aconteça, a expectativa do mercado é de que o USDA reveja seus números, principalmente de demanda, no novo relatório mensal a ser divulgado na próxima segunda-feira, dia 10 de março. Como explica Stefan Tomkiw, o departamento norte-americano poderia também trazer alterações nos números do volume do chamado residual, para tentar equilibrar os atuais números das exportações com os estoques e o presente e forte movimento da demanda.
Assim, o analista acredita que ainda há uma firmeza no cenário internacional, já que o mercado mantém sua tarefa de elevar os preços para tentar restringir o interesse comprador pela soja norte-americana frente à severa escassez de produto nos Estados Unidos. Isso justifica, portanto, a alta mais expressivas registradas nas posições mais próximas.