Enquanto os preços do vencimento março/14, o mais negociado nesse momento na Bolsa de Chicago, recuaram expressivamente nas últimas semanas, o valor da soja negociada nos portos brasileiros e no mercado interno tiveram poucas alterações. O bom momento do dólar, como explicam analistas, tem compensado as perdas registradas no mercado internacional.
Em 16 de dezembro, o vencimento março bateu nos US$ 13,40 por bushel em Chicago, enquanto a soja no Porto de Paranaguá registrou R$ 66,00/saca, prêmio de 5 cents sobre o valor da CBOT e um dólar de R$ 2,33. Já na última terça-feira (21), a posição foi a US$ 12,80 em Chicago, enquanto em Paranaguá o valor da saca fechou o dia valendo R$ 68,20, com um dólar de R$ 2,36 e o prêmio zerado.
Além do avanço da moeda norte-americana, os fundamentos de oferta e demanda têm feito com que esses preços se mantenham firmes no Brasil. A escassez de soja nos Estados Unidos está cada vez mais evidente, os estoques finais do país estão em níveis historicamente baixos e a meta de exportações de soja norte-americana de 40,69 milhões de toneladas já foi ultrapassada e chega a 41 milhões.
Paralelamente, a demanda mundial é firme e crescente. Com uma baixa disponibilidade do produto norte-americana, a procura por soja se volta cada vez mais para a América do Sul, principalmente para o Brasil. Em 2013, segundo fontes oficiais da China, maior importador mundial da commodity, as importações totalizaram 63,350 milhões de toneladas. “Portanto, não será surpresa se as importações de 2014 superarem os 70 milhões de toneladas”, afirma Liones Severo, consultor do SIMConsult.
Além dos problemas de falta de soja nos Estados Unidos, a qual poderá estimular compras norte-americanas também no Brasil, o mercado já começa a observar as adversidades climáticas pelas quais passam as safras brasileira e argentina. “Esses problemas climáticos que nós estamos tendo aqui no Brasil também afetaram a safra da Argentina. Mesmo com algumas chuvas pontuais e indicativos de novas chuvas, a safra segue com possibilidades de perdas no potencial produtivo”, explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.
Segundo informações da Somar Meteorologia, no Brasil, os produtores da região central do país devem ficar atentos para o período de de poucas chuvas até a segunda quinzena de fevereiro. A situação mais complicada deverá ser registrada no Oeste da Bahia. A falta de chuvas chega no determinante período de enchimento de grãos das lavouras e pode prejudicar, portanto, a produtividade dessas plantações.
O cenário, assim, ainda é positivo para os produtores brasileiros e analistas afirmam que melhores momentos de venda podem surgir mais adiante. Ainda de acordo com Brandalizze, a tendência não é positiva somente para os preços da soja, mas também para o câmbio.
“O câmbio no Brasil está muito estável e todas as notícias que vêm do governo são desfavoráveis à nossa economia. A tendência do câmbio para os próximos meses é de que seja mais favorável ao produtor do que ao nosso governo, que está com dificuldades em controlar a economia. Temos pressão inflacionário, déficit na balança comercial, entre outros, e isso acaba servindo de apelo positivo para o dólar”, diz o consultor.
Nesta quarta-feira (22), o dólar fechou com alta de 0,47% a R$ 2,3725. No Porto de Rio Grande, a soja registrou valorização de 0,44% e fechou o dia valendo R$ 68,50 por saca.