Depois de iniciar esta segunda-feira (2) operando com boas altas na Bolsa de Chicago, o mercado passou a recuar e, por volta das 13h50 (horário de Brasília, os principais vencimentos já apresentavam baixas de dois dígitos. O contrato janeiro/14, o mais negociado nesse momento, era cotado a US$ 13,21 por bushel, após ter alcançado seu melhor preço em 10 meses – US$ 13,46 – na madrugada de hoje. Além disso, o maio/14, referência para a safra brasileira, voltava a trabalhar abaixo dos US$ 13.
Para o analista de mercado Steve Cachia, da Cerealpar, o recuo do mercado reflete uma realização de lucros depois das recentes altas e também uma pressão das favoráveis condições de clima na América do Sul. “Isso acontece pois os preços já estão subindo desde pouco depois de meados de novembro”, disse.
No Brasil e na Argentina, algumas chuvas nos últimos dias melhoraram os índices de umidade do solo, condição que deverá favorecer o bom desenvolvimento das lavouras nos dois maiores produtores sulamericanos, onde as primeiras indicações apontam para uma safra recorde de soja.
No entanto, o mercado ainda encontra um firme e importante suporte na demanda mundial bastante aquecida. No relatório de exportações semanais divulgados na última sexta-feira (29) pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as vendas norte-americanas de soja vieram na casa de 1,4 milhão de toneladas, confirmando essa intensa procura pelo produto norte-americana, o que tem sido o principal fator de estímulo para as cotações.
Com esses números, do total de 39,5 milhões de toneladas projetado pelo departamento para ser exportado pelos EUA, 37 milhões de toneladas de soja, ou 93%, já estão comprometidas para um ano comercial que só se encerra em agosto de 2014.
“Nós acreditamos em um cenário de altas consolidadas até janeiro ou fevereiro, na hora em que for conhecida a real falta de soja nos Estados Unidos e podemos ver Chicago registrando preços maiores com a questão dos basis (prêmios) locais, pela competição dessa pouca soja que ainda haverá disponível”, acredita o analista de mercado João Schaffer, da Agrinvest.
Frente à essas boas expectativas, os produtores norte-americanos ainda continuam segurando suas vendas, apostando em preços melhores mais adiante. Schaffer acredita que, até o final do ano, o vencimento janeiro alcance o patamar dos US$ 14, e esse intervalo entre US$ 13,50 e US$ 14 por bushel deva estimular uma maior participação desses produtores no mercado. “O produtor norte-americano deve entrar nas vendas com maior força na virada do ano”.
O analista destaca ainda os primeiros sinais de uma demanda também já expressiva para a safra 2014/15, com o USDA reportando as vendas de alguns volumes para a China e também para destinos não revelados, o que também acaba sendo um fator positivo para o mercado internacional.
Nesta segunda-feira, o mercado do farelo também inicia a semana em alta na Bolsa de Chicago, outro fator de sustentação para os negócios da soja em grão. “Além desse mercado acompanhar a questão do grão, as margens chinesas de esmagamento positivas”. Essa alta nos preços, ainda de acordo com o analista da Agrinvest, se dá também por uma demanda maior pela Europa pelo produto norte-americano, situação que tradicionalmente não acontece. “Esse mercado, normalmente, era atendido por Argentina e Brasil, e agora esses importadores têm buscado farelo nos Estados Unidos, mostrando esse deslocamento da demanda”, diz.
Fonte: Notícias Agrícolas // Carla Mendes