Indícios de enfraquecimento da demanda pesam sobre os futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT). Após quedas consecutivas, participantes advertem que a recuperação dos preços da oleaginosa dependerá dos dados de exportação que serão divulgados no relatório semanal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Rumores de cancelamentos por parte da China ganharam força nos últimos dias, ofuscando o suporte dado pelo aperto dos estoques norte-americanos no curto prazo.

“O cenário fundamental permanece o mesmo, mas esses rumores arrefecem o ímpeto comprador”, diz Stefan Tomkiw, da Jefferies Bache, de Nova York. De acordo com ele, o mercado também especula a possibilidade de a China leiloar parte das reservas estatais nos próximos dias. “Todo ano eles fazem esses leilões em meados de junho, mas a situação desse ano é atípica e calcula-se que eles devam vender 3 milhões de toneladas de um total de 9 milhões de toneladas em estoque”, comenta.

Além das margens de processamento estarem negativas, a dificuldade de algumas tradings chinesas para obter cartas de crédito levantam expectativas de cancelamentos de cargas anteriormente contratadas. “O mercado espera que o USDA confirme essa movimentação, mas se (o saldo de vendas) vier positivo os preços podem ganhar um novo impulso”, observa Tomkiw.

No último levantamento de exportação, o governo norte-americano informou que 19.200 toneladas de soja da safra 2013/14 foram vendidas ao exterior na semana encerrada em 10 de abril. O volume ficou 76% abaixo das 79,1 mil toneladas negociadas uma semana antes, mas agentes do setor esperavam que os cancelamentos superassem as vendas em 200 mil toneladas. Para entrega no ano comercial 2014/15, a ser iniciado em 1º de setembro, foram comercializadas 400.700 toneladas naquele período.

Além dos embarques, outro fator que intriga os investidores é o ritmo das importações por parte dos Estados Unidos. “O mercado está em cima do muro porque não sabe quanto foi importado. Comenta-se que a China teria revendido quatro cargas aos EUA”, lembra o analista da Jefferies Bache. Ele acrescenta que a partir da próxima semana os dados sobre plantio devem exercer maior influência sobre as cotações da oleaginosa. “Previsões indicam um clima mais úmido possivelmente atrasando o plantio até o início de maio”, afirma.

No pregão de quarta-feira, o contrato julho – o mais negociado atualmente – encerrou com queda de 6 cents (0,41%), a US$ 14,6475 por bushel. Com base nos gráficos, Tomkiw vê suporte inicial em torno de US$ 14,60 por bushel. Abaixo disso, o vencimento pode esticar as perdas até US$ 14,15 a US$ 14,20 por bushel e, depois, testar US$ 13,80 por bushel. Em caso de recuperação, o analista da Jefferies Bache aponta resistência entre US$ 14,79 e US$ 14,80 por bushel.

COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO

   

  GRÃO

   

  FARELO

   

  ÓLEO

   

  US$/bushel

  cents

   

  US$/ton

  US$

   

  (cents/libra)

  pontos

  mai/14

14,6850

-11,25

 mai/14

478,10

-1,70

 mai/14

42,50

-24

  jul/14

14,6475

-6,00

 jul/14

469,00

-1,30

 jul/14

42,78

-20

  ago/14

14,0050

3,25

 ago/14

443,60

2,30

 ago/14

42,69

-21

  set/14

12,8550

7,25

 set/14

415,50

4,10

 set/14

42,46

-24

CBOT/Agência Estado

No mercado doméstico, os volumes ofertados são baixos e normalmente os produtores pedem um valor bem acima do indicado pelo comprador. Em Rondonópolis, no sul de Mato Grosso, era possível fechar contrato ontem a R$ 60/saca para retirada imediata, mas o produtor queria receber ao menos R$ 62/saca, contou Ariel Encine, corretor da Diversa.

Segundo ele, o último negócio saiu no dia 15 de abril, quando 600 toneladas foram comercializadas a R$ 60/saca para comerciante da região. Nos municípios de Lucas do Rio Verde e Sorriso, no Médio-Norte do Estado, a proposta de compra variava de R$ 56/saca a R$ 57/saca no spot, bem acima dos R$ 53/saca praticados cerca de um mês atrás, acrescentou o corretor da Diversa.

Em Ponta Grossa, no Paraná, cerca de 600 toneladas foram vendidas R$ 69/saca posto em fábrica da região, conforme José Gilmar de Oliveira, operador da Safra Sul. No caso da safra 2014/15, havia chance de negócio em torno de R$ 60/saca para entrega em abril e pagamento em maio, estimou. De acordo com ele, os produtores estão retraídos porque acreditam em novas altas de preço diante do cenário de aperto dos estoques nos EUA.

No porto de Paranaguá, Encine, da corretora Diversa, citou como referência R$ 69,50/saca para embarque imediato e pagamento em 72 horas. Em Santos, a indicação era R$ 71/saca, afirmou. No Porto de Rio Grande, a soja tinha comprador a R$ 69,50/saca para pagamento à vista, informou a corretora Transarroz.

O índice de preços calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), que reflete cinco praças paranaenses, caiu 1,00% e fechou a R$ 67,47/saca na quarta-feira. Em dólar, o indicador ficou em US$ 30,35/saca (-0,16%). A moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 2,2230 (-0,85%).

EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES

  SOJA EM GRÃO – (R$ por saca de 60 kg) – no atacado

   

  23/04

  22/04

  DIA

  SEMANA

  MÊS

  12 MESES

  Paranaguá

72,00

72,00

+0,00%

+0,01%

-1,00%

+20,52%

  Barreiras

60,38

59,88

+0,84%

-1,23%

-2,22%

+27,79%

  Ponta Grossa

67,32

67,39

-0,10%

-4,01%

-0,90%

+20,45%

  Passo Fundo

66,35

66,57

-0,33%

-1,62%

-4,74%

+16,63%

  Rio Verde

61,78

62,86

-1,72%

-1,86%

+0,46%

+26,94%

  Rondonópolis

60,00

59,90

+0,17%

-2,12%

+1,21%

+25,21%

  Triângulo Mineiro

62,42

63,50

-1,70%

-1,82%

-0,65%

+28,33%

  Oeste do Paraná

65,88

66,21

-0,50%

-3,47%

-1,57%

+20,95%

  Norte do Paraná

65,80

67,22

-2,11%

-2,76%

-2,62%

+18,84%

  Mogiana

65,07

66,17

-1,66%

-1,50%

-0,54%

+22,20%

  Ijuí

66,06

66,22

-0,24%

-1,96%

-3,56%

+16,65%

  Sorriso

54,57

53,90

+1,24%

-0,78%

+3,45%

+25,65%

  Sorocabana

65,29

66,67

-2,07%

-2,10%

-0,78%

n/d

  ESALQ – R$/saca

67,47

68,15

-1,00%

+1,73%

-1,70%

+19,93%

  DÓLAR

2,2230

2,2420

-0,85%

-0,80%

-4,35%

+9,89%

  FARELO PELLETS – R$/TONELADA

  Campinas

1045,08

1043,34

+0,17%

-1,00%

-4,72%

+40,53%

  Chapecó

1169,70

1179,32

-0,82%

-0,81%

-2,79%

+47,54%

  Maringá

1143,87

1142,21

+0,15%

-0,15%

-4,68%

+46,60%

  Oeste PR

1101,64

1118,30

-1,49%

-2,16%

-4,10%

+46,36%

  Ponta Grossa

1116,78

1123,45

-0,59%

-2,47%

-3,53%

+41,41%

  Triângulo MG

1052,65

1062,79

-0,95%

-2,12%

-3,55%

+32,13%

  ÓLEO DE SOJA- SP R$/TONELADA

  ICMS 12%

2213,92

2202,12

+0,54%

+2,32%

-4,53%

-0,03%

  ICMS 7%

2190,24

2137,55

+2,46%

+3,40%

-5,05%

+1,96%

Cepea/Agência Estado

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