A semana começa positiva para o mercado internacional da soja. Nesta segunda-feira (9), por volta de 7h40 (horário de Brasília), a commodity registrava ganhos de 5,50 a 7,75 pontos nas posições mais negociadas, se recuperando após o fechamento negativo da última sexta (6). Ao mesmo tempo, milho e trigo também conseguiam sustentar ligeiras altas.
O quadro fundamental, de oferta muito restrita frente à uma demanda significativamente aquecida volta ao foco dos investidores e, depois de uma semana bastante volátil, as cotações retomam as altas.
No entanto, nesta terça-feira (10), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga seu novo relatório de oferta e demanda e essa espera por parte dos traders tira parte da força dos negócios e da direção do mercado. Além disso, há ainda as expectativas sobre a nova safra da América do Sul que deverá ter seu plantio concluído nas próximas semanas, principalmente no Brasil.
Veja como fechou o mercado na última sexta-feira (6):
À espera de novidades e definições, soja fecha semana com leve queda
Nesta sexta-feira (6), os futuros da soja fecharam a sessão regular em queda na Bolsa de Chicago. O recuo, porém, foi pouco significativo e não passaram de 2,50 pontos. Analistas afirmam que as boas condições de clima na América do Sul, favorecendo o bom desenvolvimento das lavouras tanto no Brasil quanto na Argentina. A previsão é de chuva para as próximas semanas, o que deve permitir com que o solo tenha níveis adequados de umidade, reforçando as projeções de uma safra recorde. No Brasil, a colheita de soja poderia atingir os 90 milhões de toneladas.
Apesar do recuo nos preços, e da volatilidade registrada durante toda a semana, os fundamentos permanecem os mesmos e as expectativas são de preços sustentados por uma demanda que continua firme e constante. Assim, essas duas frentes atuam sobre o mercado internacional da soja nesse momento, fazendo com que os negócios caminhem de lado, na tentativa de manter o equilíbrio do mercado em um momento de falta de novidades e informações que possam direcionar o mercado de forma mais significativa.
De um lado, as cotações seguem encontrando suporte na intensa demanda mundial pela commodity, principalmente por parte da China. Nos Estados Unidos, os estoques são muito ajustados e as exportações seguem em um ritmo muito forte.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) projeta as vendas externas do país em 39,5 milhões de tonelada e, desse total, 37,5 milhões de toneladas já foram comprometidas. “Os chineses estão tentando garantir produto mais a frente e eles estão comprando, estão se comprometendo com isso”, diz Camilo Motter, economista da Granoeste Corretora.
Apesar disso, os embarques norte-americanos estão em linha com os registrados no ano passado, sendo, nessa safra, 17,5 milhões de toneladas contra 16,5 milhões no mesmo período na temporada anterior. “Nós podemos, portanto, ter recompras de posições a partir de fevereiro ou março, e não o embarque de todo esse produto efetivamente comprometido hoje, passando a comprar com posições mais favoráveis se houver uma safra sulamericana cheia como se espera até o momento”, explica Motter.
Dessa forma, a evolução da safra sulamericana vem sendo observada com muita atenção pelos investidores e os primeiros indicativos são de uma produção recorde nos principais países exportadores. Até o momento, o cenário climático é favorável e, no Brasil, o plantio já deverá se encerrar nas próximas semanas, fatores que pesam sobre as cotações na Bolsa de Chicago.
“Há os fundamentos para uma ter uma grande safra que são um plantio recorde, boa tecnologia, e, até agora, uma boa evolução da safra no campo. Mas, nós temos um longo período até a chegada dessa safra nos armazéns para o efetivo transporte e escoamento dessa produção, quando se pode dizer que a safra está concretizada”, afirma o economista. O mercado, assim sendo, já começa a registrar nos preços o andamento dessa produção aos poucos e as incertezas acabam atuando como um fator de limitação para as baixas nos vencimentos de mais longo prazo.
Sobre os estoques mundiais, Motter explica que a situação é contrária ao que acontece nos Estados Unidos. Os norte-americanos, apesar da terceira maior safra da história, deverão ser um dos menores dos últimos tempos, chegando a níveis críticos. Já os mundiais superam as 70 milhões de toneladas. “Há uma recomposição rápida dos estoques no mundo e uma degradação ainda persistente dos estoques nos Estados Unidos. Como o mercado internacional observa muito a formação dos preços a partir da situção norte-americana, estes baixos estoques e sua persistência contribeum também para a manutenção de preços altos no mercado internacional”.
Cenário Técnico – Complementando o quadro do mercado internacional nesse momento, os movimentos técnicos típicos de final de ano também são registrados na CBOT. Os fundos de investimentos optam por ações mais restritas, menos arriscadas e pela realização de lucros, garantindo resultados positivos nessas últimas semanas de 2013.
Movimentações como essa fazem com que o vencimento janeiro/14, por exemplo, segundo explicaram analistas, se mantenha atuante no intervalo entre US$ 13 e US$ 13,50 por bushel, estimulando as vendas próximo da máxima e as compras perto da mínima. Preços mais baixos que esses patamares seriam um estímulo ainda mais forte à demanda e nesse momento, dada a escassez de soja nos Estados Unidos – única origem com produto disponível – se faz necessário o racionamento por preços mais altos.
“À medida que temos preços um pouco abaixo do que temos agora existe uma reativação da demanda por produto físico e, também, opções de compra para fundos de investimento em Chicago, o que acaba dando sustentação ao mercado”, diz Camilo Motter.
Paralelamente, o mercado aguarda ainda pelo novo relatório de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga na próxima terça-feira (10) e essa espera também faz com que os negócios se comportem de forma mais técnica nesse momento.