Os preços do petróleo, ouro e trigo começaram a subir depois da invasão russa à região da Crimea, na Ucrânia. Porém, o mercado começa a ficar atento para as consequências do conflito para outras commodities, como o gás natural, potássio e paládio, informou o site MarketWatch, do The Wall Street Journal.

Jeffrey Sica, presidente da empresa de investimentos Sica Wealth Management, afirma que a situação é preocupante. “As sansões colocadas contra a Rússia poderão colocar pressão sobre as commodities em curto prazo… Isso poderá ser um elemento de incentivo ao estoque de commodities como antecipação de uma piora do conflito”.

Depois do aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia, o petróleo já atingiu a maior alta em cinco meses e o trigo subiu quase 5%. Porém, a situação tem um alcance mais amplo no mundo das commodities.

A Rússia, junto com o Canadá e Bielorrússia, produz pouco mais de dois terços de todo o potássio utilizado no mundo. O produto é usado principalmente na produção de fertilizantes agrícolas. A Ucrânia é o quinto maior exportador de trigo e o terceiro maior exportador de milho. A Rússia também é o maior produtor mundial do metal paládio, usado na produção de sistemas eletromecânicos e nas indústrias química e farmacêutica.

“A Ucrânia é o celeiro do leste europeu, além de ser um dos maiores exportadores de grãos do mundo”, afirmou Edmundo Moy, estrategista da Morgan Gold. “As exportações de trigo sofreriam o maior impacto entre as commodities no caso de um aumento dos conflitos entre Kiev e Moscou”.

A Rússia também fornece por volta de um terço do gás natural da Europa. Mais da metade do volume exportado do gás é transportado pela Ucrânia. “Este é o maior problema”, afirma Matt Lasov, analista do Grupo Frontier Strategy. “Qualquer sanção liderada pela Europa ou Estados Unidos, que aumente o conflito com a Ucrânia, poderá fazer com que a Rússia diminua ou interrompa o fluxo de gás natural, fazendo com que os preços tenham fortes altas”.

Fornecimento de potássio em risco
O potássio é uma das commodities que ainda não foram seriamente afetadas com o conflito, porém, a Rússia está entre os poucos países que produzem este elemento.

Jeffrey Sica afirma que uma falta de abastecimento de potássio “é uma grande preocupação, já que a falta de fertilizante poderá limitar o aumento da produção das safras, que são necessárias para atender a demanda mundial”.

Por outro lado, produtores de potássio de outros países poderão ser beneficiados pelas sanções colocadas contra a Rússia. Entre as empresas que poderão ser beneficiadas estão a Potash Corp., de Saskatchewan, no Canadá e as norte-americanas Mosaic Potash Inc. e Intrepid Potash Inc. As ações da canadense Potash Corp já tiveram alta de 5% esta semana.

potassio Russia
Potássio é manipulado em uma mina em Berezniki, Rússia. 

Sanções contra a Rússia
O presidente dos EUA, Barack Obama, já assinou uma ordem executiva que autoriza sanções contra indivíduos que ameaçam a soberania da Ucrânia.

Porém, a situação pode ficar pior, segundo Kevin Kerr, editor do site commodityconfidential.com. “Se a situação se agravar ou se mais sanções forem colocadas contra a Rússia, pelos Estados Unidos ou pelas Nações Unidas, vários produtos básicos poderão ser afetados”.

“As sanções também podem afetar mais ainda os preços de petróleo e gás natural, bem como as exportações de trigo e milho, especialmente se houver uma interrupção real”, disse Kerr, acrescentando que o potássio e outras ações agrícolas importantes, como a Deere & Co., poderão ser afetados de forma significativa.

Informações: The Wall Street Journal

Tradução: Fernanda Bellei

Fonte: Notícias Agrícolas

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