– A semana começa sem que o mercado dê sinais de maior movimentação com milho. A falta de acordo quanto aos preços continua sendo a principal dificuldade para que a comercialização evolua e o mercado do grão ganhe liquidez. As cotações parecem ter encontrado um teto no mercado de lotes no curto prazo, mas por mais que compradores tentem baixar as cotações são poucos os casos em que conseguem arrematar lotes. De forma geral, produtores esperam preços pelo menos R$ 2/saca acima do oferecido pela demanda e, sem propostas nesses níveis, se afastam.
Em Nova Mutum (MT), compradores se dispunham na sexta-feira a pagar R$ 21/saca no disponível, ante vendedores em R$ 23/saca. Conforme um corretor da região, não foram fechados novos negócios na região na última semana, prova de que a queda de braço prossegue. O último acordo registrado pela fonte foi fechado há mais de 15 dias, quando 2,4 mil toneladas foram vendidas a R$ 16,20/saca para entrega em julho e pagamento em agosto. Na sexta-feira, a indicação de compra para safrinha 2014 era R$ 15,50/saca, mas só era possível fechar contrato a R$ 17/saca. “Tem muito milho plantado fora da melhor janela e bastante área alagada”, contou.
Em Ponta Grossa (PR), a diferença entre compradores e vendedores chega a R$ 3/saca. As indicações estavam em R$ 27/saca para produto transgênico posto fábrica, e até R$ 28,50/saca para milho convencional. No entanto, vendedores esperavam receber cerca de R$ 30/saca. Um lote pontual, de 600 toneladas, foi negociado a R$ 27,30/saca para uma trading na quinta-feira.
Na região de Dourados (MS), compradores baixaram as indicações para R$ 23,50/saca, mas vendedores seguem em R$ 26/saca. Segundo corretor da região, há uma migração de demanda para outras praças, em busca de preços mais competitivos. Mas, mesmo com poucos compradores, produtores seguravam o produto para negociar mais para frente, ainda na expectativa de que o produto volte a se valorizar com uma possível menor produção na segunda safra.
No oeste de Santa Catarina, corretor afirma que grandes agroindústrias passaram a semana inteira afastadas do mercado, mesmo com ofertas de produto próximo às fábricas. Apesar do esvaziamento, a fonte não espera queda nos preços devido à menor demanda. “O produtor não está interessado em vender a qualquer preço”, afirmou. Para ele, os períodos alternados de sol e chuva fazem com que a colheita evolua devagar e a oferta siga tímida tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina, o que acaba dando suporte aos preços.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as praças que registram queda expressiva nas cotações são Minas Gerais e São Paulo, devolvendo parte dos ganhos gerados pela especulação com as perdas pela estiagem durante o verão. Conforme o Cepea, quando os preços se descolaram das demais regiões, compradores migraram a demanda, pressionando as cotações nesses Estados. Em uma semana, os preços cederam 3,91% em Campinas (SP), para R$ 32,30/saca, e 5,76% no Triângulo Mineiro, para R$ 27,14/saca. Ainda assim, na comparação com os preços praticados há um mês, o milho está valorizado em todas as praças pesquisadas pelo Cepea. Em Sorriso (MT), a alta chega a 22,41%, com preço atual de R$ 17,75/saca.
O indicador Cepea/Esalq/BM&F fechou a sexta-feira a R$ 31,90/saca, em baixa de 0,93%. Em dólar, o índice ficou em US$ 13,73/saca (-0,65%). O dólar fechou o dia cotado a R$ 2,3240, em queda de 0,26%.
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO MILHO MERCADO INTERNO
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Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros fecharam perto da estabilidade, sustentados por notícias de exportação de 340 mil toneladas da safra 2013/14 para o Egito. A venda serviu para o mercado como uma compensação para as vendas de produtores norte-americanos, que estão se desfazendo dos estoques para financiar despesas com insumos da safra 2014/15, após as cotações do cereal terem atingido na quarta-feira o nível mais alto em seis meses. O vencimento maio, atualmente o mais negociado, ganhou 0,50 cent (0,10%) e fechou a US$ 4,79 por bushel.
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Fonte Cepea/Agência Estado