A forte demanda internacional pela carne bovina brasileira deve se sustentar em 2015 devido à oferta apertada em nível global, à demanda da Rússia e à reabertura do mercado chinês para o Brasil, de acordo com relatório do Rabobank sobre os principais players do mercado mundial de carne bovina divulgado esta semana.

Os analistas do banco observam que um importante fator para a alta dos preços do boi gordo no Brasil em 2014 foi a escassez de animais prontos para o abate em decorrência, principalmente, da seca em importantes regiões produtoras do país. Como reflexo desse cenário, os frigoríficos têm sido pressionados a manter os preços dentro das possibilidades dos consumidores diante do risco de a carne bovina ser substituída por proteínas mais baratas, como carne suína ou de frango.

Para o Rabobank, as cotações boi devem seguir firmes nos próximos meses. No entanto, a instituição avalia que o espaço para novos níveis recordes de alta é limitado, apesar da perspectiva positiva para as vendas externas brasileiras no próximo ano.

No caso dos Estados Unidos, o relatório do Rabobank afirma que o país continua a ser o “direcionador” do mercado global e que oferta restrita de carne bovina e a demanda forte mantêm as cotações em alta. “Os preços têm sido puxados pela continuidade de estoques excepcionalmente apertados e pela melhora na demanda por carne bovina, tanto dentro dos EUA quanto globalmente”, observam os analistas.

Segundo eles, com base em fatores sazonais e nos níveis recordes de preços para o gado bovino, o mercado local está sujeito a uma correção moderada de preços no curto prazo. A expectativa é que na primavera de 2015, a oferta de gado para abate estará novamente apertada e novas altas de preços são esperadas.

A Austrália, outro importante player do segmento de carne bovina, continua a ter níveis recordes de abate de bovinos, e 2014 deve ser outro ano com números acima de 8 milhões de cabeças, conforme o Rabobank. As taxas de abate de fêmeas continuaram em níveis elevados, com 27 meses consecutivos de aumento na comparação ano a ano. Com a previsão de um verão seco, a expectativa é que os abates permaneçam elevados, o que pressiona as cotações.

Neste ano, segundo o relatório do banco holandês, as exportações totais de carne bovina da Austrália devem ser recordes. A perspectiva é de que as vendas externas continuem a avançar, por conta dos abates elevados.

Para a Argentina, o Rabobank espera uma nova contração na oferta de gado bovino em 2015, mantendo os preços elevados. Uma menor oferta é projetada para o ano que vem, após inundações que afetaram áreas produtoras da província de Buenos Aires. O abate de animais mais novos também deve contribuir para uma redução na oferta. No lado das exportações, a previsão é de que continuem deprimidas.

Fonte: Valor Econômico

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