Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago registraram nova queda na sessão de ontem, ainda na esteira do relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Mas apesar do segundo dia de baixa, com embolso de lucros, o mercado segue trabalhando com um cenário altista, na projeção de analista Martha Matsumura, da XP Investimentos. Ela aponta que apesar da realização dos últimos dois dias, o mercado tem espaço para ir até US$ 13,30 por bushel sem perder o viés altista.
Segundo a analista da XP, o mercado ainda vai testar suporte em US$ 14,10 por bushel e depois em US$ 13,90 por bushel. Um movimento no sentido oposto só aconteceria se os fundamentos trouxessem novidades. Ontem, o contrato maio cedeu 5,75 cents (0,41%) e fechou a US$ 14,13 por bushel. A mínima da sessão foi de US$ 14,1050 por bushel, e a máxima, de US$ 14,2625 por bushel.
Andrea Cordeiro, da corretora paranaense Labhoro, complementa que a bolha altista do mercado iniciada em janeiro ainda não foi rompida e que há espaço para novas realizações. O contrato maio acumula valorização de 10,11% em 2014.
Hoje a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulga nova estimativa de safra brasileira e deve trazer ajuste na estimativa de produção de soja no País após a estiagem do verão, dado que deve ser acompanhado pelo mercado internacional como forma de guiar investidores em meio a projeções divergentes de consultorias privadas.
Andrea ressalta, no entanto, que o ajuste da Conab não deverá ser tão significativo. A Labhoro projeta safra entre 88 milhões e 89 milhões de toneladas, enquanto a Céleres cortou sua estimativa para 84,9 milhões de toneladas em relatório divulgado na segunda-feira, o que representa uma redução de 4,7% ante a projeção de fevereiro. A AgRural calcula colheita de 85,984 milhões de toneladas (-1,2% ante dado do mês passado), e a Agroconsult ainda trabalha com uma safra de 89,2 milhões de toneladas, após redução de 1,7% na estimativa. Até fevereiro, a Conab falava em colheita de 90,013 milhões de toneladas na temporada 2013/14, o que representaria um acréscimo de 10,4% sobre as 81,499 milhões de toneladas registradas na temporada anterior.
Mesmo com a provável redução no tamanho da safra oficial do Brasil, para Andrea o mercado futuro não está precificando a safra sul-americana, o que explicaria os atuais patamares de preços da oleaginosa. Ela lembra que a Argentina deve colher uma safra de até 55 milhões de toneladas, e o Paraguai, de 10 milhões a 12 milhões de toneladas.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, as recentes perdas desestimulam vendedores. Em algumas praças, a reação do câmbio ajuda a compensar as perdas em Chicago, mas não o bastante para destravar os negócios. O dólar encerrou ontem a R$ 2,3630, em alta de 0,47%.
Corretor de Campo Grande (MS) afirmou que produtores esperam cenário mais favorável para a negociação de novos lotes. Ontem compradores pagavam R$ 62/saca, quase estável em relação ao fechamento da semana passada, justamente pela apreciação do dólar ante o real nos últimos dias. “Daqui para frente, vendedores vão acompanhar o mercado e vender quando houver novo pico de preços”, afirmou a fonte.
Em Mato Grosso, segue a distância entre compradores e vendedores e os negócios não evoluem. As poucas ofertas no mercado estão em R$ 55/saca para produto transgênico em Sorriso, mas compradores se dispõem a pagar não mais que R$ 53/saca, disse uma fonte. A soja convencional tem vendedor a US$ 27 por saca, mas também não foram reportados negócios.
O índice de preços calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), que reflete cinco praças paranaenses, caiu 1,08% e fechou a R$ 69,89/saca na terça-feira. Em dólar, o índice ficou em US$ 29,58/saca (-1,53%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado