Duas frentes atuam sobre o mercado internacional da soja, deixando os negócios mais lateralizados nesse momento na Bolsa de Chicago. Assim, a commodity registrou uma semana marcada por intensa volatilidade, testando alguns patamares de preços e oscilando constantemente entre os lados positivo e negativo da tabela. Nesta sexta-feira (6), os futuros da oleaginosa recuam, com perdas entre 4 e 7 pontos.

De um lado, as cotações seguem encontrando suporte na intensa demanda mundial pela commodity, principalmente por parte da China. Nos Estados Unidos, os estoques são muito ajustados e as exportações seguem em um ritmo muito forte.

USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) projeta as vendas externas do país em 39,5 milhões de tonelada e, desse total, 37,5 milhões de toneladas já foram comprometidas. “Os chineses estão tentando garantir produto mais a frente e eles estão comprando, estão se comprometendo com isso”, diz Camilo Motter, economista da Granoeste Corretora.

Apesar disso, os embarques norte-americanos estão em linha com os registrados no ano passado, sendo, nessa safra, 17,5 milhões de toneladas contra 16,5 milhões no mesmo período na temporada anterior. “Nós podemos, portanto, ter recompras de posições a partir de fevereiro  ou março, e não o embarque de todo esse produto efetivamente comprometido hoje, passando a comprar com posições mais favoráveis se houver uma safra sulamericana cheia como se espera até o momento”, explica Motter.

Dessa forma, a evolução da safra sulamericana vem sendo observada com muita atenção pelos investidores e os primeiros indicativos são de uma produção recorde nos principais países exportadores. Até o momento, o cenário climático é favorável e, no Brasil, o plantio já deverá se encerrar nas próximas semanas, fatores que pesam sobre as cotações na Bolsa de Chicago.

“Há os fundamentos para uma ter uma grande safra que são um plantio recorde, boa tecnologia, e, até agora, uma boa evolução da safra no campo. Mas, nós temos um longo período até a chegada dessa safra nos armazéns para o efetivo transporte e escoamento dessa produção, quando se pode dizer que a safra está concretizada”, afirma o economista. O mercado, assim sendo, já começa a registrar nos preços o andamento dessa produção aos poucos e as incertezas acabam atuando como um fator de limitação para as baixas nos vencimentos de mais longo prazo.

Sobre os estoques mundiais, Motter explica que a situação é contrária ao que acontece nos Estados Unidos. Os norte-americanos, apesar da terceira maior safra da história, deverão ser um dos menores dos últimos tempos, chegando a níveis críticos. Já os mundiais superam as 70 milhões de toneladas. “Há uma recomposição rápida dos estoques no mundo e uma degradação ainda persistente dos estoques nos Estados Unidos. Como o mercado internacional observa muito a formação dos preços a partir da situção norte-americana, estes baixos estoques e sua persistência contribeum também para a manutenção de preços altos no mercado internacional”.

Cenário Técnico – Complementando o quadro do mercado internacional nesse momento, os movimentos técnicos típicos de final de ano também são registrados na CBOT. Os fundos de investimentos optam por ações mais restritas, menos arriscadas e pela realização de lucros, garantindo resultados positivos nessas últimas semanas de 2013.

Movimentações como essa fazem com que o vencimento janeiro/14, por exemplo, segundo explicaram analistas, se mantenha atuante no intervalo entre US$ 13 e US$ 13,50 por bushel, estimulando as vendas próximo da máxima e as compras perto da mínima. Preços mais baixos que esses patamares seriam um estímulo ainda mais forte à demanda e nesse momento, dada a escassez de soja nos Estados Unidos – única origem com produto disponível – se faz necessário o racionamento por preços mais altos.

“À medida que temos preços um pouco abaixo do que temos agora existe uma reativação da demanda por produto físico e, também, opções de compra para fundos de investimento em Chicago, o que acaba dando sustentação ao mercado”, diz Camilo Motter.

Fonte: Notícias Agrícolas // 

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